Não existe formula mágica para se manter um casamento, muito menos para uma relação de amigos (ops aliados políticos). Nesse elo estabelecido entre pessoas, há itens que colaboram com a preservação da união, tais como respeito, confiança, compreensão e, sobretudo, gratidão.
Ao que parece, o vínculo que uniu o governador da Bahia, Rui Costa (PT) e o então prefeito de Lafaiete Coutinho e hoje prefeito de Jequié, Zé Cocá (PP), definhou antes da hora. Há quem diga que casamento entre lideranças políticas tem prazo de validade e que não existe nessa relação ”até que a morte os separe”. Dependendo da relação, é renovado apenas pelo período em que os líderes falarem a mesma língua.
Com pouco menos de oito anos de convivência, a união entre Rui e Cocá sofre um grande abalo, colocando ambos em caminhos opostos. Aliados de primeira hora, desde 2014, o petista e o progressista viram sua relação estremecer e, agora, há uma nova versão dessa história. Depois da ruptura política do cacique do seu partido, João, com a base do governo alegando descumprimento de acordo para que o Leão pudesse rugir na Governadoria, assumindo o cargo de governador por 09 meses, Cocá aproveitou para virar a casaca, sob a justificativa de que a questão é partidária e que estará acompanhando os passos do seu líder, que formou aliança com o principal adversário de Rui, ACM Neto (UB), pré- candidato ao Palácio de Ondina.
Antes um defensor de Rui e de seu governo, do qual fez parte a partir de 2017, quando nomeado por Costa como presidente dos Consórcios de Infrastrutura da Bahia, cargo criado para lhe abrigar no Estado, Cocá apareceu hoje em evento que selou a união entre Neto e Leão, em Salvador, batendo palmas para o novo aliado.
Em rede social, Zé publicou a mensagem justificando a decisão como democrática para construção de um novo caminho. Já Rui, em coletiva de imprensa, afirmou que o povo vai julgar o que é gratidão, o que é ingratidão, mas não especificou o endereço da alfinetada .
Todavia, não se pode dizer que eles se desgastaram por tão pouco. Até onde se sabe, depois de ingressar como candidato ao Executivo de Jequié, em 2020, com o apoio de Rui, vencendo uma disputa polarizada contra o servidor público federal e bolsonarista James Meira (Patriota), com uma diferença de 2.894 votos, Cocá trocava afagos com o deputado federal Leur Lomanto Jr. (UB), também apoiador do seu projeto na sucessão municipal, considerado influente interlocutor de ACM e que não tem a simpatia de Rui e da primeira-dama estadual Aline Peixoto, além de declarar apoio a candidatura a deputado estadual do secretário de Governo da Cidade Sol, Hassan Iossef, que seria o elo de ligação entre o prefeito e Leur.
Sem recuar do arranjo com Leur e Hassan, o prefeito assistiu uma ”caça às bruxas” contra seus indicados para cargos no Estado nas últimas semanas, inclusive no Hospital Geral Prado Valadares, onde é forte a influência de Aline. E como toda ação tem uma reação e toda escolha tem uma consequência, Cocá reagiu. Aproveitou o desembarque do PP e partiu.
Em síntese, chega ao fim uma história, que pode não ter sido de amor, mas que envolveu dois importantes gestores, bem avaliados no atual cenário político baiano e que dificilmente voltarão a ser como eram um com o outro.
*por Marcos Frahm