Um assunto que domina as rodas de conversa no Vale do Jiquiriçá nos últimos dias é o anúncio feito de fechamento do Pronto-Socorro do hospital público filantrópico, denominado de Associação de Proteção à Maternidade e Infância de Ubaíra, gerida pela S3 Gestão em Saúde (APMIU), que emitiu comunicado de alerta sobre o caso, que repercute na região e preocupa a população. Nas redes sociais, o prefeito Lúcio Monteiro (PSD) se manifestou, ainda na semana passada, publicando um vídeo que evidencia divergência entre a gestão do hospital e Prefeitura. ”Venho hoje falar com vocês a respeito de um documento que recebemos por parte da Associação de Proteção à Maternidade e Infância de Ubaíra, comunicando o fechamento da unidade de urgência e emergência no próximo dia primeiro de junho, da intenção deles de fechar a unidade, único atendimento que temos em nosso município e apesar de todas as dificuldades alegadas a prefeitura vem ajudando e apoiando em todos os sentidos possíveis. Mas, me parece, que no documento enviado, se quer criar também um fato político. Nos últimos meses nós colocamos médicos plantonistas a disposição dessa entidade, mesmo que o contrato que ela tem de prestação de serviço é com o estado, não é com a prefeitura. Mesmo assim, nós disponibilizamos profissionais para atender aos finais de semana. Entendemos que a unidade tem um contrato a cumprir, recebe para prestar o serviço e eles querem que a prefeitura pague também por isso. Nós não admitimos esse tipo de atitude, levantando notícias falsas, como se a prefeitura não tivesse se importando com a situação’’, desabafou o chefe do Executivo, tendo garantido que o município vai adotar providências para que os serviços ofertados não sejam interrompidos.
Em nota pública enviada ao Blog do Marcos Frahm, nesta segunda-feira (03), a empresa responsável pela operacionalização e execução das ações e serviços de saúde da unidade diz ter sido surpreendida com uma nota veiculada pelo prefeito, que classifica o fechamento da urgência e emergência como inesperado e intempestivo. A S3 Gestão em Saúde alega que a decisão foi tomada em razão das dificuldades enfrentadas na relação com a Prefeitura e que a empresa apresenta um déficit financeiro mensal de aproximadamente R$ 170.000,00. ”Vale registrar que somos uma das poucas, talvez a única entidade filantrópica, que não recebe auxílio financeiro por parte do ente municipal. Devido a inércia da Prefeitura, buscamos o Ministério Público desde janeiro/ 2024 (não fizemos isso nos últimos dias, como prefeito noticiou, são meses de tentativa) para intermediar essa relação, demonstramos mais uma vez nossas dificuldades financeiras, nos colocamos à disposição do Prefeito para juntos avaliarmos uma alternativa de subsídio por parte da Prefeitura, para pagar os custos com médicos da emergência (mesmo assim continuaríamos arcando o com as demais obrigações que detalhamos no nosso extrato ao levarmos para o Ministério Público), mas, ainda sim sem sucesso. O Exmo. Promotor Sr. Isaias Marcos Borges Carneiro tem acompanhado o processo de perto, com todos os detalhes. Esse déficit todo foi causado pela ineficiência da Atenção Básica, de responsabilidade da Prefeitura, que não funciona e mensalmente atendemos mais de 85% da população que deveria ter acesso a saúde básica, mas, que não tem e buscam o hospital para um acolhimento de saúde humanizado e preventivo. Dos 31 plantões do mês de maio, a Prefeitura arcou com o pagamento de 15 plantões, mas, no mês de junho não demonstrou a mesma disponibilidade, o que nos obrigou a fechar a emergência. Nos últimos dias, mesmo estando anunciando a meses as dificuldades de manter a unidade de urgência e emergência aberta, tentamos diversos contatos com a Prefeitura e com a Secretaria Municipal de Saúde, mas, sem retorno. Temos compromisso moral com a população de Ubaíra e se tomamos essa atitude, foi para mantermos as nossas obrigações em dia, evitando um acúmulo de passivo insanável. Não queremos chegar ao ponto de atrasar salários e fornecedores. Por isso decidimos pelo fechamento da unidade. Pois essa mesma população que ficou sem a única porta de urgência e emergência, caso não tivéssemos fechado, ficaria sem salário no próximo mês”, justificou, e concluiu questionando o anúncio do prefeito de que a Prefeitura de Ubaíra irá viabilizar uma unidade para funcionar como urgência e emergência.
”Muito nos espanta o Prefeito, Sr. Lúcio Monteiro anunciar agora que abrirá uma unidade temporária de urgência e emergência. E ficamos com a dúvida do “por que” ele não nos apoiou, subsidiando o pagamento dos médicos da emergência, para manter os serviços em pleno funcionamento? Ele preferiu tratar um assunto de extrema seriedade que nos remete à vida, de forma improvisada em um posto de saúde, sem as instalações mínimas adequadas que a Vigilância Sanitária exige, ao invés de pagar o plantonista de uma unidade já instalada há 74 anos e que tem história no município. Não fechamos o Hospital, fechamos temporariamente a Urgência e Emergência e estamos dispostos a negociar com a Prefeitura. Outrossim, a APMIU está à disposição para realizar um debate público, técnico e aberto com todos os envolvidos, para buscar uma solução do problema sem afetar os direitos da população local. Esperamos que essa celeuma se resolva e que a população seja assistida de forma digna o mais rápido possível”. A direção informou, no contato com a redação que a unidade filatrópica continuará procedimentos cirúrgicos aos pacientes.
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