Prefeito de Mutuípe vai pedir desfiliação do MDB e deve ingressar em partido de oposição ao Governo

Digão se manterá na oposição ao PT em Mutuípe. Foto: BMFrahm

Opositor declarado do Governo do Estado, desde a gestão de Rui Costa, até mesmo pelo tratamento que lhe é dispensado pelos petistas, o prefeito de Mutuípe, Rodrigo Maicon, o Digão, está com as malas prontas para deixar o MDB e buscar um novo rumo partidário.

Diante das últimas informações que circulam nos meios políticos de que se preciso for, prefeitos filiados ao MDB de Geddel e Lúcio Vieira Lima serão expulsos da legenda por não estarem em consonância com as orientações do partido na Bahia, como é o caso do prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins, que recebeu, recentemente, ameaça de expulsão feita pelo vice-governador Geraldo Jr., figura próxima dos caciques do MDB, Digão preferiu acelerar o passo e disse que vai a Salvador nesta quarta-feira para entregar a carta de desfiliação ao presidente de honra, Lúcio Vieira. ”Amanhã estou indo a Salvador. Vou entregar a carta de desfiliação do partido MDB, agradeço por ter nos ajudado muito, inclusive ao presidente Lúcio. Nós temos convites de alguns partidos, do deputado Dal, para ingressar no União Brasil, recebemos o convite do Progressistas, que é o partido do deputado Mário Negromonte e o próprio ACM Neto já nos fez convite para ir ao União Brasil ou até outros partidos que fazem parte da base de oposição ao Governo do Estado. Estamos ainda pensando, dialogando com a nossa base”, justificou Digão em um vídeo publicado na rede social nesta terça-feira (11).

O prefeito Rodrigo, professor efetivo do IF Baiano de Santa Inês, era um neófito na política até quebrar a hegemonia petista em Mutuípe, quando se candidatou em 2016 e venceu uma tradicional e velha conhecida liderança política do PT no Vale do Jiquiriçá, o ex-prefeito Carlinhos. Em 2020, foi reeleito ao derrotar outro petista, Erasmo, com vitória acachapante, obtendo 62,44% dos votos válidos.

Agora, caminhando para findar o segundo mandato, Digão terá um desafio e tanto, se tiver pretensão de eleger o seu sucessor. O retorno de Lula ao governo brasileiro e ao cenário nacional é um alento para a oposição ao prefeito de Mutuípe, não apenas pelo fator Lula, mas pelo fato de ter no Palácio de Ondina um governador que é PT raiz, que foi majoritário na cidade mesmo a contragosto do grupo liderado pelo prefeito e deve tentar articular uma nova candidatura da sigla na terra do cacau, como espécie de ”revanche”.

Entretanto, o resultado das urnas num contexto estadual em 2022, na disputa entre Jerônimo Rodrigues e ACM Neto, de quem Rodrigo é aliado não autoriza essa euforia petista, que pode ter consequências surpreendentes, caso a economia no Governo Lula não consiga deslanchar e a desigualdade aumentar a ponto de afetar as campanhas municipais Brasil afora. Há quem diga também que, se o governador empreender uma retaliação generalizada aos prefeitos que votaram com a oposição baiana, ACM, atualmente fragilizado e sem mandato, pode se fortalecer a médio prazo como a sombra de Jerônimo e provocar uma nova disputa acirrada na Bahia, em 2026. Só o tempo dirá. *por Marcos Frahm