Otto garante que o PSD não vai participar de acordo do Centrão com Bolsonaro

”Não vamos trocar nosso apoio”, disse Otto. Foto: Reprodução

O senador Otto Alencar assegurou nesta quinta (21), que o seu partido, o PSD, integrante do Centrão, não vai participar do acordo que o bloco tem selado com o presidente Jair Bolsonaro. O Planalto negocia cargos e ministérios com os partidos em troca de apoio para, sobretudo, garantir uma margem suficiente de votos no Congresso Nacional para impedir um eventual processo de impeachment do presidente.

”O PSD não está nessa conta, nem no Senado nem na Câmara. Não permiti que tivesse o acordo no PSD. Chamei o presidente Kassab e disse que não aceitava. Posso garantir que o PSD não vai ter ministério do governo Bolsonaro. Não vamos trocar nosso apoio no Senado e na Câmara por cargos”, afirmou o líder do PSD no Senado, em entrevista na live ”A Tarde Conecta”, no Instagram do Grupo A TARDE.

Durante a entrevista, Otto avaliou ainda que, ao contrário dos prognósticos correntes em Brasília de falta de apoio político e popular para o afastamento de Jair Bolsonaro, o processo de impeachment contra ele só não está em andamento porque o Congresso deixou de realizar sessões presenciais devido ao coronavírus.

”Se tivéssemos sessões presenciais, já tínhamos aberto a CPI do Moro na Câmara e já tinha impeachment andando. Não tem como ter reuniões neste momento do coronavírus, não tem como andar com isso, infelizmente”, afirmou. Para o parlamentar baiano, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, não quis dar admissibilidade aos pedidos para não tirar os holofotes das ações de combate à pandemia.

Protagonismo

O senador afirmou também que o protagonismo das ações para mitigar os efeitos da pandemia tem sido apenas de estados e municípios. Para ele, a situação do Ministério de Saúde é de paralisia.

”Não tem titular [no ministério]. O interino não tem condição de atuar. Esse é o governo da cloroquina, a única coisa que ele tem para oferecer. Não tem outra articulação para resolver o problema. Espero que ele [Bolsonaro] se sensibilize com essa situação. O presidente devia respeitar as dores do povo brasileiro e as dificuldades na área de saúde do povo brasileiro”, criticou.

O senador  defendeu que o presidente não vete a possibilidade de aumento para servidores públicos no projeto de auxílio financeiro para estados e municípios. “Quem trabalha nos hospitais, nos ambulatórios, nas UTIs e podem se contaminar E ele não quer permitir que estados e municípios possam dar uma gratificação a esses profissionais?”, questionou.

Golpe?

Para o parlamentar, não há possibilidade de Bolsonaro dar um golpe contra a democracia brasileira. Otto avalia que as instituições do País estão sólidas. ”Ele (Bolsonaro) tem um espírito ditatorial, tem alma perversa. Mas não vai acontecer isso porque as instituições democráticas estão sólidas. É preciso que volte a estabilidade política para que a população acredite que a democracia é o melhor regime.”