Juíza federal baiana diz ter sofrido agressão por ser ”nordestina” e defender as urnas

A juíza federal baiana Clara da Mota Santos Pimenta Alves registrou um boletim de ocorrência no qual afirma que foi vítima de agressões verbais de teor xenofóbico.

À colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, Clara Alves disse que as ofensas foram feitas por um dirigente brasileiro da petrolífera britânica British Petroleum (BP). O episódio ocorreu em uma pizzaria de Cuiabá na última sexta-feira (4).

Clara Alves, que é auxiliar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, relata que um advogado teria se aproximado de sua mesa e proferido acusações, sem provas, de que as eleições deste ano foram fraudadas. A juíza, então, defendeu o sistema eleitoral, e uma colega afirmou que ela exercia a função de magistrada e atuava no STF.

Segundo o relato da juiza, foi então que o chefe da BP no Brasil, Adriano Bastos, também teria se aproximado de sua mesa e dado início às agressões verbais. No boletim de ocorrência registrado, ela diz que o executivo teria atribuído a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Bahia, estado que ”não produz nada” e ”não possui PIB”.

Bastos, segue a magistrada, ainda teria dito que o eleitorado do petista é formado por ”assistidos”, além de ”funcionários públicos” que ”não trabalham, não fazem nada”. À polícia, a juíza federal também afirmou que o chefe da BP no Brasil sabia de sua origem baiana e de sua ocupação, já que suas filhas convivem juntas há mais de dois anos. Uma ação na esfera cível também será apresentada.