Ex-governador Renan Filho entra para lista de cotados para comandar Ministério do Planejamento

O ex-governador de Alagoas e senador eleito Renan Filho (MDB) entrou para a lista de cotados para comandar o Ministério do Planejamento no novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Também está nessa lista o ex-governador do Piauí e senador eleito Wellington Dias (PT). Ambos são vistos como gestores testados no comando de seus estados e, por isso, despontam como possíveis indicados.

Na avaliação de petistas, pesa a favor do nome de Renan Filho o fato de ser economista e o seu desempenho na gestão das contas do estado de Alagoas durante seus dois mandatos, entre 2015 e 2022.

Quando assumiu o cargo, o estado tinha nota de classificação de risco C, a segunda pior na metodologia do Tesouro Nacional, indicando uma situação financeira delicada e a impossibilidade de contar com aval da União na contratação de empréstimos. Em 2017, a nota de classificação passou a B e se mantém neste patamar desde então.

A atuação como gestor e o fato de ser de outro partido são vistos nos bastidores como fatores que poderiam contribuir para uma boa acolhida do nome de Renan Filho inclusive no mercado.

Outros cotados para o posto, Wellington Dias e a ex-secretária de Orçamento Federal Esther Dweck são figuras ligadas ao PT, o que poderia ser interpretado como uma falta de contraponto na gestão da política econômica. Na lógica dos petistas, um nome do MDB sinalizaria um movimento do novo governo mais ao centro.

Inicialmente, aliados de Lula planejavam fazer uma dobradinha com Fernando Haddad na Fazenda e Persio Arida, um dos pais do Plano Real, no Planejamento. No entanto, Persio disse à reportagem não ter intenção de assumir cargos.

A pasta do Planejamento não se encaixa exatamente no perfil de ministério que a bancada do MDB tem reivindicado para o partido. A sigla almeja o comando de uma área fim, isto é, que atue diretamente nas políticas públicas, com resultados na ponta.

A lista de pastas desejadas pela legenda inclui Infraestrutura, Integração Nacional e Cidades.

No entanto, o Ministério do Planejamento deve ser fortalecido na configuração que foi apresentada por Haddad para o redesenho da área econômica do governo. A pasta deve ficar com a Secretaria de Orçamento e pode ter um papel relevante na estratégia de investimentos do novo governo, tornando-se mais atrativa ao MDB.

NOME ERA COTADO PARA MINAS E ENERGIA, MINISTÉRIO COBIÇADO POR LIRA

Renan Filho chegou a ser cogitado para o comando do Ministério de Minas e Energia, pasta historicamente liderada por nomes ligados ao MDB.

A chefia do MME, no entanto, também está sendo cobiçada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que é adversário político de Renan Filho no estado.

Lira defende o nome de um aliado, o deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-BA). O nome do parlamentar, porém, enfrenta resistências no próprio setor de energia.

Caso o ex-governador de Alagoas seja de fato indicado para o Planejamento, há o temor de que o MDB perca a oportunidade de ocupar esse ministério, cedendo espaço para alguma outra legenda ou até mesmo algum adversário político.

A reforma da estrutura ministerial, em discussão no governo eleito, pode não apenas recriar o Ministério de Planejamento, Gestão e Orçamento como também subdividir a pasta.

Está em análise a possibilidade de separar a gestão orçamentária e de pessoal (as atividades de curto prazo) da elaboração de projetos e políticas públicas com visão de longo prazo.

Segundo relatos feito à Folha nas últimas semanas, a proposta de separação das incumbências de curto e longo prazo não partiu da área política. É uma sugestão inicialmente defendida por técnicos.

No entanto, a cisão contemplaria a ambição da coalizão de recuperar a capacidade de o governo elaborar políticas públicas de caráter estruturante.

*Catia Seabra/Idiana Tomazelli/Folhapress