”Podemos ter um polo industrial de saúde para competir com qualquer país”, diz Lula na inauguração de fábrica de recombinantes

Lula com Janja, a ministra Nísia Trindade, Humberto e Raquel Lyra. Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, na tarde desta quinta-feira, 4 de abril, da inauguração da primeira unidade fabril de produção nacional do medicamento Fator VIII recombinante (Hemo-8r), no Complexo Industrial da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), em Goiana, Pernambuco. O Hemo-8r é utilizado por pacientes em tratamento da hemofilia A, condição genética que afeta a coagulação do sangue.

A previsão é de que a nova fábrica, que corresponde ao Bloco B07 do complexo da Hemobrás, esteja em atividade a partir de 2025, com distribuição dos produtos para o Sistema Único de Saúde (SUS). A capacidade produtiva da planta será de 1,2 bilhão de unidades por ano, suficiente para abastecer 100% da demanda do SUS pelo remédio. A Hemobrás trabalha ainda para concluir a implantação da fábrica de hemoderivados e iniciar a sua operação até 2026.

O investimento, que totalizou R$ 1,2 bilhão, representa o maior aporte em biotecnologia na área da saúde no Nordeste brasileiro até o momento. A iniciativa faz parte da estratégia nacional para o desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, com recursos provenientes do Novo PAC.

O presidente Lula se recordou da convivência que teve com o cartunista Henfil e seu irmão, o sociólogo e ativista dos direitos humanos Betinho, que eram hemofílicos, para destacar a luta dos que sofrem com a doença hereditária. ”Eram uns dos gênios da história do Brasil e morreram por serem hemofílicos. Em meio à luta por um Brasil melhor, Betinho e Henfil também travaram uma dura batalha contra as consequências e complicações da hemofilia”, afirmou Lula.

”Era um tempo em que as pessoas com hemofilia sofriam com a falta de tratamento profilático, constantes internações e transfusões de sangue. Uma época em que não tínhamos ainda o rigor de hoje na coleta e destinação das doações de sangue. Perdemos vidas precocemente por não termos tratamento adequado aos portadores de hemofilia. Perdemos Betinho, Henfil e perdemos muitos brasileiros e brasileiras”, disse.

Lula citou a história de Deivid, que foi diagnosticado aos quatro meses de idade, como exemplo de como investimentos em ciência, tecnologia e saúde podem salvar vidas e mudar histórias. ”A família dele nunca tinha ouvido falar nessa doença, mas ele pode contar com a implementação da profilaxia e com o medicamento Hemo-8r, este que a Hemobrás está preparada para produzir neste fábrica que inauguramos hoje, essa fábrica que tem em seu quadro de funcionários justamente o companheiro Deivid, que tem o privilégio de poder receber um tratamento adequado, ter uma vida saudável, ativa e promissora, como tem também a oportunidade de trabalhar na empresa que proporciona a ele este benefício”, prosseguiu o presidente.

Lula também aproveitou para defender o papel do SUS na missão de garantir amplo acesso à saúde para a população. ”Não existe no planeta Terra nenhum país com mais de 100 milhões de habitantes que tenha um Sistema Único de Saúde universal, como é o SUS. Que 99% dos transplantes feitos nesse país, inclusive por gente rica, são feitos pelo SUS. E se nós, brasileiros, que queremos um país soberano, que queremos um país capaz de ter uma indústria da saúde, porque nós temos o órgão consumidor, que é o SUS, a gente não tem por que não acreditar que a gente pode ter um polo industrial na área da saúde, para competir com qualquer outro país do mundo, por mais rico que seja”.