Jaguaquara: Ex-prefeito vai à Câmara defender suas contas; se eu errei foi para ajudar os mais carentes

O que foi que eu fiz de mal para ser crucificado assim?

O ex-prefeito de Jaguaquara, Ademir Moreira (PMDB), diante da proximidade do fim do prazo para qualquer vereador, ou cidadão jaguaquarense, examinar as suas contas, referentes ao exercício de 2011, rejeitadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), foi a Câmara na noite desta quinta-feira (26) para usar a Tribuna em defesa das rejeitadas contas, que serão julgadas nos próximos dias pelos 15 parlamentares que representam a atual Legislatura na Casa. Acompanhado do contador Elias dos Anjos, responsável pelo setor contábil da Prefeitura em sua gestão, Ademir esteve na Câmara no afã de prestar esclarecimentos aos edis e ao público, além de tentar convencer os vereadores a derrubarem o Parecer do TCM, que recomendou a reprovação com base em diversas irregularidades, como desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal  – desatenção ao limite de gastos com a folha de pessoal.  Após o pronunciamento do contador Elias, que usou a Tribuna dando explicação técnica para justificar a errata, alegando que o TCM falhou no Parecer, o ex-prefeito subiu ao pódio, ouvindo gritos e aplausos de seus correligionários, dentre os quais alguns que ocupam cargos na atual gestão do prefeito Giuliano Martinelli (PP) e confessou ter errado quando prefeito, sob a alegação de que pensou na comunidade ao estourar a folha de pagamento, empregando na Prefeitura pessoas que necessitavam de oportunidades de trabalho. ”Eu não tive as contas rejeitadas por roubo e nem por desvio de verba, errei no índice de pessoal para ajudar os mais carentes. O que foi que eu fiz de mal para ser crucificado assim? Eu não posso ser injustiçado”, apela Ademir.

Dos 15 vereadores, 8 acompanharam o pronunciamento de Ademir

Ele acredita na hipótese de que houve influência por parte de opositores para que a relatoria do Tribunal opinasse pela rejeição das contas. ”O Tribunal publicou a decisão sobre a rejeição logo na época da eleição e os opositores soltaram a publicação nas ruas para tentar nos atrapalhar, mas nós conseguimos eleger Giuliano prefeito, porque o povo de Jaguaquara sabe que nós trabalhamos por essa terra e soube reconhecer o nosso trabalho, dando uma resposta a essa minoria nas urnas. O melhor julgamento não é do Tribunal e nem dos vereadores, é do povo”. As explicações de Moreira foram acompanhadas por apenas 8 dos 15 vereadores – sete parlamentares se ausentaram do plenário em repúdio à presença do ex-prefeito.

Seguidores do ex-gestor acompanharam atentamente à sessão

Entrevista após discurso – depois que a sessão foi encerrada pelo presidente da Casa, Francisnei Santos (PP), o ex-gestor concedeu entrevista à imprensa, repetindo a alegação de que suas contas foram rejeitadas por pequenas falhas e afirmou que o TCM deveria ter acatado o pedido de reconsideração da Prefeitura. ”O erro que eu cometi foi ajudar o povo, ajudar os mais pobres. Apresentamos um pedido de reconsideração, mas infelizmente não foi aceito pelo Tribunal. A partir do momento que eu fiquei sabendo que as contas poderiam ser rejeitadas por estarmos ajudando o povo, eu preferi contribuir com a população, empregando as pessoas e trabalhando pela minha cidade”, disse. Apesar da ausência dos sete vereadores, Ademir acredita na aprovação das contas, obtendo os dez votos favoráveis, para não ficar inelegível. ” Os vereadores que ficaram hoje não têm mais dúvidas sobre as contas e sabem que eu errei para ajudar os outros – e os que não ficaram vão repensar e aprovar as contas. Essa questão da ausência deles é normal na política. Eles podem ter sido orientados por algum político, mas eu tenho certeza de que irei contar com eles na votação”, acredita. Ao pedir pela aprovação aos parlamentares, Ademir citou como exemplo a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que opinou pelo o adiamento do desfecho do mensalão. ”Devemos relembrar a recente decisão do STF, que resolveu adiar o julgamento dos mensaleiros. Todos achavam que o ministro Celso de Mello fosse julgar o processo, mas ele preferiu adiar e esse adiamento não significa impunidade, isso é para uma melhor avaliação do processo. Por tanto, eu espero que os legisladores dessa casa possam avaliar com cuidado essas contas”, finalizou. A Comissão de Finanças da Câmara emitirá, na manhã desta sexta-feira (27), parecer sobre as contas, antes de elas seguirem para apreciação em plenário.