A retomada das aulas presenciais na Bahia pode ser uma realidade a partir do mês de setembro, segundo o secretário de Saúde do estado, Fábio Vilas-Boas. A declaração foi dada em entrevista ao jornal Correio da bahia, realizada na quarta-feira (12). ”Inicialmente, se está pensando em retornar progressivamente a partir do mês de setembro, mas isso depende de como vai se comportar o número de óbitos. Se não for em setembro, vai ser em outubro”, afirmou.
Para o secretário, a volta às aulas pode acontecer ainda esse ano, mesmo em plena pandemia do novo coronavírus, se for feita de forma organizada. A definição dos protocolos de retomada e da data exata de retorno será feita por um grupo de estudo composto por outros agentes do governo estadual. ”Não sou eu quem define a previsão. Isso está sendo discutido dentro de um grupo que envolve também a Secretaria de Educação e o próprio governador”, explicou.
Um dos homens públicos à frente das decisões referentes ao combate ao coronavírus no estado, Vilas-Boas não tem tido muito tempo livre. Mesmo assim, encontrou um espaço na agenda para receber a reportagem enquanto se deslocava do Hospital Ernesto Simões Filho, na Caixa D’agua, em Salvador, para o seu gabinete, no Centro Administrativo da Bahia (CAB).
Ele tinha acabado de entregar as obras de requalificação do Complexo de Saúde César de Araújo, em Salvador, que abriga, dentre outros hospitais, o Geral Ernesto Simões Filho (HGESF), que é uma das unidades de saúde baianas, referência no combate à covid-19. No total, são 80 leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) exclusivos para o combate à doença no local.
Em nota enviada a imprensa, a Embaixada da Rússia no Brasil afirmou que está negociando um acordo sobre a vacina recém-registrada contra a covid-19 com o governo do Estado da Bahia. Sobre isso, Fábio Vilas-Boas disse que as negociações estão paradas, pois o estado aguarda o envio dos estudos científicos da vacina por parte do governo russo.’Só vamos avançar a negociação após eles enviarem os estudos”, garantiu.
Segundo o último relatório do comitê científico do Consórcio Nordeste, a situação atual da pandemia na Bahia ainda não está controlada. Para eles, a disponibilidade de leitos de hospitalização ainda permite ter algum aumento de casos. Como vocês veem essa avaliação?
Não é a disponibilidade de leitos que permite ter um aumento de casos. A nossa quantidade de leitos e a baixa taxa de ocupação permite absorver um crescimento. Isso é verdade. Agora, o fato de você ter mais leitos disponíveis não torna a população menos aderente às medidas de proteção. Ninguém sai para a rua, pois sabe que vai ter leito de UTI, se precisar. As pessoas que estão deliberadamente se expondo ao risco de se contaminarem fazem isso de forma irresponsável ou inconsequente e não por se sentirem confortáveis a ter leitos hospitalares que possam acolhê-las, caso venham a ficar doentes. Estamos tendo atualmente cada vez menos pessoas internadas, tanto em leitos de enfermaria como de UTIs. A taxa de ocupação tem caído progressivamente.
Por que o Governo do Estado mudou a orientação para que as pessoas que apresentarem os primeiros sintomas da covid-19 procurem o hospital no início dos sintomas?
Desde a semana passada, nós estamos pedindo o apoio de vocês da imprensa para estimular as pessoas a buscarem o atendimento mais precocemente e não ficarem em casa esperando a doença melhorar, pois ela pode piorar. E para os médicos, quando atenderem pessoas com suspeita da covid-19 e portadores de comorbidades que caracterizem um fator de risco, como pessoas acima de 60 anos, hipertensas, diabéticas, portadoras de doenças pulmonares e renais, que possam internar essas pessoas, mesmo sem haver uma indicação óbvia de internação. O objetivo é fazer uma avaliação de risco intra-hospitalar, observar se o paciente vai evoluir bem ou mal e garantir que essa pessoa não retorne ao hospital depois de ter tido uma alta precoce, com um quadro de insuficiência respiratória, em um estado de saúde mais grave. Já tem um mês que mudamos essa orientação. Agora que existe uma taxa de ocupação menor dos leitos, insistimos que essas pessoas sejam internadas precocemente. Está morrendo muita gente em casa, principalmente no interior. Todas as regiões tem hospital que podem receber esses pacientes.