”Vítima indefesa e desarmada”, diz delegado sobre metalúrgico morto a tiros durante briga de trânsito em Feira de Santana

Vítima tinha 44 anos e foi baleado no abdômen. Foto: Redes sociais

O homem suspeito matar a tiros o metalúrgico Jacivaldo Pereira, de 44 anos, durante uma briga de trânsito, em Feira de Santana, teria mentido em depoimento ao dizer que a discussão com a vítima havia demorado. A informação é do delegado Gustavo Coutinho, que investiga o caso. A ação, conforme detalhou Coutinho, durou cerca de um minuto e aparentemente a batida foi leve, sem danos para os veículos. Jacivaldo foi baleado na última quarta-feira (15), e uma câmera de segurança filmou toda a situação.

Gustavo Coutinho solicitou a prisão preventiva do suspeito por causa da análise das câmeras de segurança e após os depoimentos da esposa e filha de Jacivaldo, que estavam no momento do crime. Para o delegado, a ação foi muito rápida e não justifica os tiros disparados pelo dentista Lucas Ferraz. O homem ainda não foi preso.

”Foi um pequeno choque e inclusive o carro do autor [dos disparos] tinha um reboque e não tinha necessidade de ele estar ali discutindo. A vítima estava indefesa e desarmada.[…] Deu para perceber que foi uma coisa muito rápida, de 50 segundos a um minuto”, afirmou Gustavo Coutinho.

O delegado informou que Lucas Ferraz não tem posse ou porte legal de arma de fogo e a adquiriu de forma clandestina, com a compra através de terceiros. Uma arma foi apresentada na delegacia e será feito exame de microcomparação balística para confirmar se foi a mesma usada no crime.

Ainda segundo o delegado, o crime poderia ter sido evitado se o suspeito tivesse conversado e resolvido a situação com a vítima. “Nada justifica o autor ter ceifado a vida de um trabalhador. Uma pessoa de bem que estava com a família, filhas e um neto de 2 anos. Uma pessoa que não oferecia risco nenhum , disse o delegado.

Gustavo Coutinho detalhou que no depoimento, o suspeito teria dito que a discussãodurou de três a cinco minutos e que a vítima teria partido para cima dele. A defesa do dentista Lucas Ferraz afirma que Jacivaldo Pereira estava alcoolizado e provocou a briga, mas a versão não foi confirmada pelo delegado.

“Estamos aguardando o laudo cadavérico que vai demonstrar realmente se a vítima estava ingerindo bebida alcoólica ou não. Mas independentemente disso não justifica o fato. […] É mais um motivo para o autor saber que não havia necessidade de efetuar um disparo por causa de uma pequena colisão de trânsito”, disse o delegado.

Nas imagens registradas por uma câmera de segurança instalada da Avenida Eduardo Fróes da Mota, perto do bairro Santo Antônio dos Prazeres, foi possível ver que o carro dirigido por Jacivaldo colidiu na parte traseira do veículo de Lucas.

Mesmo aparentando ser uma batida leve, segundo os familiares do metalúrgico, o suspeito já saiu do veículo bastante nervoso, com uma arma de fogo nas mãos. Apesar de ter dito que iria pagar o prejuízo, a vítima foi baleada. No momento do crime, ele estava acompanhado das duas filhas, de 24 e 8 anos, e do neto, de 2 anos.

”A mulher que estava com ele segurou a mão dele e disse ‘por favor, por favor’. Ele apontou a arma para o meu pai e eu e a minha irmã de oito anos gritamos: ‘por favor, não atira no meu pai, ele vai pagar’. Ele atirou no pai e saiu friamente”, afirmou Alana Costa, filha mais velha de Jacivaldo. O metalúrgico foi socorrido para uma unidade de saúde, passou por uma cirurgia na quinta-feira (16), mas não resistiu. O corpo dele foi sepultado na manhã de sexta-feira (17), sob forte comoção.

O que diz a defesa do suspeito

A defesa do suspeito afirmou que ele estava a caminho de uma missa no momento do crime. Segundo o advogado Joari Wagner, o cliente só usou a arma de fogo porque Jacivaldo foi “para cima dele”. ”Ele informa que a todo momento tentou afastar e que Jacivaldo estava visivelmente embriagado, alterado e exaltado. Ele tem plena consciência que as imagens das câmeras de segurança do local vão comprovar tudo isso”, afirmou o advogado.

Ainda conforme o advogado, o cliente tentou atirar na perna de Jacivaldo para contê-lo, mas o disparo atingiu a região da cintura. A família do metalúrgico contesta a versão e testemunhas dizem que o atirador estava sem camisa, o que indica que ele não estava a caminho de missa, na opinião dos parentes. ”Eu, quando vou à missa, levo minha Bíblia, não vou com arma na mão. Ele está mentindo”, disse Alana Costa, filha mais velha de Jacivaldo. Com informações do G1