Após pressão do presidente Jair Bolsonaro, o Ministério da Saúde informou nesta quarta-feira (21) que houve uma “interpretação equivocada” da fala do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre a compra de 46 milhões de doses da vacina Coronavac.
Em nota, a pasta negou compromisso para compra de vacinas com o governo de São Paulo “ou seu governador” e disse não ter “intenção de compra de vacinas chinesas”.
Em seguida, no entanto, reafirmou ter um protocolo de intenções para compra de uma possível “vacina brasileira” com o Instituto Butantan, que é vinculado ao governo paulista. A declaração ocorre um dia após Pazuello anunciar um protocolo de intenções para compra de 46 milhões de doses da vacina Coronavac, em desenvolvimento pela empresa chinesa Sinovac com o Butantan, e sua inclusão no Programa Nacional de Imunizações.
Nesta quarta, porém, o presidente Jair Bolsonaro desautorizou o ministro, falou em “traição” e disse, em resposta a internautas, que “a vacina não será comprada”.
A situação levou o ministério a amenizar o discurso do dia anterior. “Não houve qualquer compromisso com o governo do estado de São Paulo ou seu governador, no sentido de aquisição de vacinas contra Covid-19”, informou a pasta nesta quarta.
“Tratou-se de um protocolo de intenção entre o Ministério da Saúde e o Instituto Butantan, sem caráter vinculante, grande parceiro do Ministério da Saúde na produção de vacinas para o Programa Nacional de Imunizações.”
Em um exercício de retórica, a pasta passou então a afirmar que um eventual acordo com o instituto envolveria a compra de uma “vacina brasileira”.
“Mais uma iniciativa de tentar proporcionar uma vacina segura e eficaz para nossa população, neste caso, com uma vacina brasileira, caso fique disponível antes das vacinas citadas. Não há intenção de compra de vacinas chinesas”, disse.
A pasta disse ainda ter havido uma “interpretação equivocada” da fala do ministro e que a vacina, “em nenhum momento, foi aprovada pela pasta, pois qualquer vacina depende de análise técnica e aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos e pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS”.
O discurso vai ao encontro de declarações do presidente, que disse nesta quarta que “qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser COMPROVADA CIENTIFICAMENTE PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE e CERTIFICADA PELA ANVISA” e que “o povo brasileiro NÃO SERÁ COBAIA DE NINGUÉM”.
Em nota divulgada na terça, porém, a pasta confirmou ter assinado um protocolo de intenções “para adquirir 46 milhões de doses da Vacina Butantan – Sinovac/Covid-19, em desenvolvimento pelo Instituto Butantan”.
A pasta chegou a informar que, com a iniciativa, o país chegaria a ter 186 milhões de doses de vacinas a serem disponibilizadas ainda no primeiro semestre de 2021, já a partir de janeiro.