Presidente da Câmara defende médica cotada para substituir Pazuello, e bolsonaristas reagem nas redes

Arthur Lira elogiou a médica Ludhmilla. Foto: Agência Câmara

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-PI), usou sua conta oficial no Twitter neste domingo para elogiar a médica Ludhmilla Abrahão Hajjar, cotada para substituir Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde. A postagem de Lira foi recebida com críticas de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que vêm atacando Ludhmilla nas redes pelo fato de a médica condenar o uso de cloroquina no tratamento da Covid-19 — estudos científicos já atestaram a ineficácia do medicamento contra o coronavírus.

”Coloquei os atributos necessários para o bom desempenho à frente da pandemia: capacidade técnica e de diálogo político com os inúmeros entes federativos e instâncias técnicas. São exatamente as qualidades que enxergo na doutora Ludhmila”, escreveu Lira.

”Espero e torço para que, caso nomeada ministra da Saúde, consiga desempenhar bem as novas funções. Pelo bem do país e do povo brasileiro, nesta hora de enorme apreensão e gravidade. Como ministra, se confirmada, estarei à inteira disposição”, completou o presidente da Câmara, que é aliado de Bolsonaro.

Nas respostas, apoiadores de Bolsonaro se referiram a Ludhmilla como ”Mandetta de saias”, criticaram o fato de a médica defender posicionamentos que são consenso na comunidade científica, como a inexistência de um ”tratamento precoce” eficaz contra a Covid-19, e publicaram ainda trechos de uma live dela com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Nos trechos da live — realizada no Instagram, em data que não é especificada — resgatados por apoiadores de Bolsonaro, Dilma elogia a atuação de profissionais de Saúde na pandemia e diz a Ludhmilla que sabe ”o quanto você trabalha”. A ex-presidente também convida a médica para outra live, na semana seguinte, e ganha um agradecimento da médica.

Tudo errado na pandemia

Em entrevista publicada há uma semana pelo Jornal Opção, de Goiás, Ludhmilla disse que ”o Brasil está fazendo tudo errado na pandemia”. Ela também é defensora do isolamento social como forma de evitar o alastramento do vírus, o que vai de encontro a recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e contraria posicionamentos de Bolsonaro durante a pandemia.

Ludhmila foi sondada por interlocutores de Bolsonaro, que avalia dar a ela o comando do Ministério da Saúde. Ambos devem se encontrar neste domingo ou na segunda-feira. Após a sondagem, ela apagou a conta oficial que mantinha no Twitter.

Segundo fontes do Planalto relataram ao GLOBO, Pazuello comunicou a Bolsonaro estar com problemas de saúde e que, por isso, se afastaria do cargo. O pedido de afastamento coincide com o auge da pressão de deputados do Centrão, grupo liderado por Lira, que pleiteiam mudança no comando da pasta sob pretexto de má gestão durante a pandemia.

Em entrevista à CNN no fim da tarde deste domingo, contudo, Pazuello disse que continuará como ministro ”até que o presidente peça o cargo”. O Globo