As eleições 2022 terminaram com vitória acachapante de Jerônimo Rodrigues (PT) e Lula (PT) em Jaguaquara, mas quem saiu fortalecida do processo foi a prefeita Edione Agostinone (PP), que apesar de filiada ao partido liderado pelo atual vice-governador e deputado federal eleito, João Leão, apoiador de ACM Neto (UB) e Jair Bolsonaro (PL) mergulhou na campanha governista e surfou na onda petista.
A votação expressiva obtida pelos petistas no município, 16.553 votos para Jerônimo e 17.953 para Lula não deve ser atribuída, em sua totalidade, ao apoio da prefeita, mas a aliança da mandatária com o governador Rui Costa (PT), que liberou mais de R$ 100 milhões em obras públicas para o município, entre Delegacia, Corpo de Bombeiros, pavimentações e praças, além de autorizar o Estado a assumir o Hospital Municipal foi importante para manter a hegemonia do petismo na cidade.
Para gurus políticos, a prefeita terá, a partir de 1º de janeiro, a chance de iniciar em Jaguaquara um processo de reconciliação na política local, que estava dividida desde o pleito municipal, quando Agostinone foi eleita prefeita em 2020 com uma diferença de apenas 58 votos para o segundo colocado, Raimundo Louzado (PSD), este que preferiu contrariar alguns aliados que tentaram lhe aproximar do ex-prefeito de Salvador e candidato derrotado ao Governo, ACM Neto (UB), mas que decidiu marchar com os mesmos candidatos apoiados por Edione, Jerônimo e Lula, sob anuência do líder do seu partido, o senador reeleito Otto Elencar (PSD).
Agora, a mandatária terá que mudar a própria maneira de pensar e fazer política, caso tenha pretensão de continuar na vida pública. A primeira coisa é passar na peneira de aliança os integrantes do grupo e definir os que estarão de volta em 2023 após as demissões que ocorrerão até o fim deste ano para o fechamento de contas. Há quem diga que Edione foi obrigada a conviver com o fogo – amigo no período eleitoral.
O movimento interno e silencioso a favor do ex-prefeito Giuliano Martinelli (PP), ex-padrinho político de Agostinone e que articulava apoios a ACM e Jair visando às eleições 2024 ganhou força após o mesmo ter declarado publicamente que estará em palanque oposto ao de Edione na próxima sucessão municipal. A declaração de Martinelli no 2º turno das eleições foi vista como teste psicológico, revelando posicionamentos de integrantes do atual time governista, que permanece na máquina pública desde a sua passagem pelo poder.
Isso é muito problemático na medida em que, se o resultado das urnas fosse inverso e Antonio Carlos Magalhães Neto fosse eleito governador, a loira poderia ser engolida pelo próprio grupo, sendo objeto de preterição numa eventual disputa por candidatura com Giuliano.