Uma ambulância da Secretaria de Saúde de Cravolândia, no Vale do Jiquiriçá, deixada para conserto há três anos pela Prefeitura do município numa oficina mecânica de Jaguaquara, instalada no bairro Muritiba, foi recolhida no fim da tarde desta quarta-feira (13), durante em ação da Polícia Civil de Jaguaquara. Dois agentes de polícia em uma viatura estiveram no estabelecimento por volta das 16h, para recolher o automóvel VW/Parati de placa JLO-9577 sob alegação de que a Prefeitura de Cravolândia teria recorrido a Delegacia para que providências fossem tomadas no sentido de recuperar o veículo retido pelo proprietário da Autopeças JM, como forma de cobrar a dívida da Prefeitura com o estabelecimento, pela realização de reposição de peças na ambulância e em outros veículos da frota pública daquela cidade. Os serviços foram realizados em março de 2014, quando membros da gestão pública anterior de Cravolândia teriam designado três carros para conserto, sendo dois liberados e a ambulância ficando retida até esta quarta, quando foi retirada por policiais civis. O proprietário do estabelecimento teria resistido a entregar o bem, por não ter recebido pelos serviços prestados. O advogado de defesa do comerciante, Ivanildo Pirôpo, foi acionado e acompanhou in loco a ação policial, considerada por ele abusiva, por não haver, segundo o advogado, mandado judicial de busca e apreensão da ambulância.
Ao Blog Marcos Frahm, o advogado revelou que, em julho de 2016, esteve na sede do Ministério Público da cidade de Santa Inês, que abrange Cravolândia, solicitando providência do órgão fiscalizador com a finalidade de acompanhar as tratativas entre o proprietário da oficina e secretários da gestão municipal à época, representada pelo então prefeito Naelson de Souza Lemos, que segundo o doutor Ivanildo Pirôpo, se negavam a sanar a dívida, no valor de R$ 8.395,00, referentes a manutenção e reposição de peças dos três carros oficiais, mas que nenhuma medida foi tomada. O advogado entende que não houve bom senso por parte da gestão atual, da prefeita Ivete Soares Teixeira Araújo, que deveria assumir a responsabilidade do débito, que ficou para o município, independente de quem esteja a frente do Executivo. No local, o atual secretário de Saúde de Cravolândia disse que não há documento comprobatório de que a Prefeitura deve a Autopeças JM, atribuindo o caso ao antecessor da prefeita e garantiu emitir, até esta quinta-feira, uma nota de esclarecimento. Já o delegado titular de Jaguaquara, Chardison Castro de Oliveira, que também responde pela unidade prisional de Cravolândia, procurado pelo BMF informou que a ação policial ocorreu embasada no Art. 345 do Código Penal, ”Exercício arbitrário das próprias razões. Quem faz justiça pelas próprias mãos, ainda que para satisfazer pretensão legítima ou que erroneamente considere legítima”. A autoridade policial ressaltou que a ambulância pertencente ao município estaria parada há três anos, sem poder ser utilizada para prestação de serviço fundamental a comunidade na área da saúde pública e que será devolvida a Prefeitura. Contudo, a avaliação geral é de que a situação é vergonhosa para uma prefeitura.