Organização Mundial de Saúde confirma Mpox como novo nome da varíola dos macacos

A OMS confirmou nesta segunda-feira (28) que Mpox será o novo nome para designar a varíola dos macacos. Na última quarta (23), um diretor da organização, Lawrence Gostin, havia postado no Twitter que a instituição iria adotar a nova nomenclatura, mas somente agora a OMS se posicionou oficialmente.

O novo nome deve ser utilizado de forma simultânea a monkeypox -nome original em inglês para a varíola dos macacos- por um ano. A nomenclatura mais recente, no entanto, vai ter preferência.

‘Isso serve para atenuar as preocupações levantadas por especialistas sobre a confusão causada por uma mudança de nome em meio a um surto global”, explicou a OMS de por que manter o termo original da doença.

A mudança do nome do vírus já era discutida dentro e fora da organização. Em meados de junho, o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou publicamente o desejo de alterar a denominação -uma consulta até mesmo foi aberta para a população propor novas possibilidades de nomenclatura.

Nesta segunda, a OMS afirmou que o processo de alteração contou com a consulta a especialistas de 45 países. Uma das preocupações foi de o novo termo ter uma fácil utilização em outras línguas -Mpox tem maior facilidade de ser adotado em diferentes idiomas.

O termo ”monkeypox” foi empregado em 1958 quando houve a primeira documentação do patógeno em primatas levados da África para a Dinamarca. É daí que vem o nome varíola dos macacos.

Mas pesquisas já indicam que esses animais não são os reservatórios naturais do patógeno. Além disso, o nome pode gerar confusões ao se pensar que a principal forma de transmissão da doença no surto atual ocorreria diretamente dos animais para humanos, podendo gerar casos de ataques aos animais. Na realidade, a disseminação atual acontece principalmente pelo contato direto com pessoas infectadas.

Um exemplo do equívoco gerado pelo nome foi de cinco macacos achados mortos e outros três resgatados com sinais de intoxicação no começo de agosto em São José do Rio Preto, interior paulista. Suspeita-se que os animais tenham sido atacados pela população devido a casos da doença.

Naquele momento, o assunto ganhou repercussão mundial, chegando à própria OMS. Ainda em agosto, a epidemiologista Margaret Harris, porta-voz da entidade, condenou a violência contra os animais e reiterou a intenção de encontrar um nome melhor para o vírus.

OUTRAS MUDANÇAS

Também em agosto, a OMS já tinha alterado os nomes de grupos e subgrupos do vírus com base em revisões feitas por especialistas em virologia e biologia evolutiva.

No momento, existem dois grupos documentados do patógeno. Eles são endêmicos (quando se tem um estágio de convivência com o vírus, com número estável de casos e mortes) em duas regiões da África: no oeste do continente e na região central. Até então, essas localidades eram utilizadas para se referir a dois clados (ou grupos) do vírus.

Com a alteração divulgada em agosto, o grupo do oeste africano passou a ser chamado de Clado I e aquele da região central do continente foi nomeado como Clado II. A mudança gera um padrão em que grupos do vírus devem ser referidos com algarismos romanos.

As mudanças também são aplicadas a dois subclados (ou subgrupos) do Clado II. Nesse caso, os especialistas definiram que esses subgrupos passam a ser nomeados com uma letra minúscula alfanumérica após o algarismo romano: Clado IIa e Clado IIb.

O uso de novos nomes faz parte do guarda-chuva de responsabilidades da organização e são uma atribuição do Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV, na sigla em inglês).

Em agosto, fontes ligadas ao comitê já afirmavam que existia uma boa disposição para fazer mudanças, mas muitos apontam que uma alteração radical, com o abandono total do termo ”monkeypox”, poderia comprometer a literatura científica que vem sendo produzida sobre esse vírus há mais de 60 anos.

Por isso mesmo, a OMS optou por manter ”monkeypox” ainda em vigor durante um ano. Além disso, o termo não será eliminado do ICD (Classificação Internacional de Doenças, na sigla em inglês). A ideia é que isso facilite o encontro de informações sobre a doença.