Odebrecht comprou banco para distribuir propinas, afirma delator da Lava Jato

Marcelo Odebrecht está há 1 ano na prisão. Foto: Reprodução
Marcelo Odebrecht está há 1 ano na prisão. Foto: Reprodução

Um dos executivos apontados como operadores de offshores do chamado ”departamento de propina” da Odebrecht disse em depoimento à força-tarefa da Lava Jato que a empreiteira controlou 42 contas offshores no exterior, sendo que a maior parte delas foi criada após aquisição de um banco, o Meinl Bank Antigua, no fim de 2010. Vinícius Veiga Borin disse em delação premiada que as contas associadas à Odebrecht movimentaram pagamentos ”suspeitos” que somam ao menos US$ 132 milhões. O delator é o primeiro a falar em detalhes sobre as transações internacionais do grupo por meio de offshores. Borin trabalhou em São Paulo na área comercial do Antigua Overseas Bank (AOB), entre 2006 e 2010. Ele e outros ex-executivos do AOB se associaram em 2010 a executivos do Departamento de Operações Estruturadas – nome oficial do chamado “departamento da propina” da Odebrecht, segundo a Lava Jato – para adquirirem a filial desativada do Meinl Bank, de Viena, em Antigua, um paraíso fiscal no Caribe, com 230 quilômetros quadrados. A aquisição (que chegou a 67% da participação do Meinl Bank) envolveu os ex-executivos da Odebrecht Fernando Migliaccio e Luiz Eduardo Soares e Olívio Rodrigues Júnior, responsável por intermediar a abertura das contas para a empreiteira. A filial da instituição financeira foi adquirida, segundo o relato, por US$ 3 milhões mais quatro parcelas anuais de US$ 246 mil. A Procuradoria da República no Paraná pediu na sexta-feira ao juiz federal Sérgio Moro que homologue a delação premiada de Borin e outros dois executivos que trabalharam nos mesmos bancos que ele: Luiz Augusto França e Marcos Pereira de Sousa Bilinski. Somente Borin prestou depoimento, mas, segundo os procuradores, os demais colaboradores vão tratar dos mesmos temas, abordando mais detalhes “vinculados às áreas em que atuavam e a função que exerciam”. Leia mais no Estadão.