Na troca de afagos, Jerônimo sai maior do que Zé Cocá, que ainda tem o desafio de reconquistar Rui Costa

Flavinho, Jerônimo Rodrigues e Zé Cocá. Foto: Foto: Matheus Landim

O encontro do prefeito de Jequié Zé Cocá (PP) com o governador da Bahia Jerônimo Rodrigues (PT) na noite de ontem, na Governadoria, não representa apenas um sinal de aliança entre ambos, mas também desesperança para aqueles que se declaram antissistema na política baiana e sonham com o mandatário da Cidade Sol como integrante da chapa de oposição ao PT nas eleições 2026. Numa análise fria, Jerônimo, que vinha sendo cobrado publicamente por Cocá por ações na área de Segurança em Jequié, por exemplo, tem mais motivos para comemorar do que o prefeito após o encontro.

Em fase de articulação para tentar à reeleição, Jerônimo não precisou se deslocar a terra do Sol, mesmo com o problema da Segurança, e atraiu ao seu gabinete o nome mais cobiçado pelo opositor ACM Neto (UB) para compor a chapa que fará enfrentamento ao seu projeto político. Com uma matéria aqui e outra acolá, repercute na imprensa o afago de Cocá. Em entrevista logo após o encontro para uma jornalista do Governo, Zé disse que Rodrigues lhe atendeu muito bem e definiu o momento como prazeroso. Embora tenha tentado classificar a reunião como institucional, afirmando que debateu projetos de interesse da população, citando obras como o aeroporto regional, que ele tanto defende, o prefeito antecipou na entrevista que Jerônimo visitará Jequié em fevereiro e afirmou que a visita vai gerar grandes frutos. O governador, por sua vez, deixou as querelas políticas e até mencionou Zé nas publicações sobre a reunião no story da sua página no Instagram. Lá também estava o deputado estadual e afilhado político do prefeito, Hassan (PP), que trabalha pela reconciliação e seria um dos retaliados, aliás, mais retaliado ainda, caso Cocá permaneça na oposição.

São várias as leituras possíveis a partir desse encontro, mas as lideranças infiltradas no processo político sabem que, se quiser voltar pra base, Cocá ainda terá pela frente o desafio de reconquistar o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), de quem já foi aliado e rompeu em 2022 para acompanhar João Leão (PP) no grupo de ACM. Lá de Brasília, Rui observa, mas não se manifesta. Em 2026, o ministro deve ser candidato a senador e, ao julgar Cocá pelo capital político representativo no Médio Rio de Contas e Vale do Jiquiriçá, pode ser convencido a ceder. Só o tempo poderá dizer…