Na ”sombra do poder”

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O cenário político que está se desenhando para as eleições municipais de 2016, em Jaguaquara, maior cidade do Vale do Jiquiriçá, ainda permanece um tanto incerto em termos das definições de possíveis candidatos a prefeito. Giuliano Martinelli (PP), o atual gestor, que enfrenta desgastes político e administrativo pela crise econômica que a Prefeitura enfrenta, o que próprio alcaide tem afirmado em suas declarações na imprensa, ainda não revelou publicamente se irá tentar a reeleição, mesmo não escondendo o seu desejo de permanecer por mais quatro anos na administração municipal. O prefeito Giuliano foi eleito em 2012, com o apoio do ex-prefeito Ademir Moreira (PMDB), dobradinha que dificilmente seria repetida no próximo pleito. Ademir, mesmo incluído na lista de gestores sujeitos ao processo de inelegibilidade, tem alardeado pelos quatro cantos da cidade que postulará o seu retorno à Prefeitura de Jaguaquara em 2016. Esse posicionamento de Ademir deixa evidenciada que as relações políticas entre ele e Martinelli, permanecem estremecidas após a Câmara de Vereadores ter reprovado as contas do ex-prefeito relativas aos exercícios de 2011 e 2012, inclusive com votos favoráveis dos edis integrantes da base aliada de Giuliano, acompanhando o parecer do TCM pela rejeição. O resultado teria sido considerado por parte de Ademir e seus seguidores, uma traição do seu ex-liderado Giuliano. Afirmam ainda na cidade que nem mesmo a intervenção do vice-governador João Leão, cacique do PP baiano, e padrinho político de Giuliano, que tem Ademir no seu gabinete na função de assessor político, está conseguindo sucesso nas tentativas de reconciliação da dupla.

Já o vice-prefeito Raimundo Louzado, assumindo a direção da comissão provisória do PSDB em Jaguaquara, com anuência do deputado federal Jutahy Magalhães, após perder o PSD de Otto Alencar para Giuliano, já teria declarado ruptura política com o prefeito, e diz que não mais marchará com Martinelli, apesar da aposta em torno de que prefeito e vice poderão voltar a se entender.

Em meio a todo esse divisor de espaços e pretensões quem já colocou o bloco na rua na condição de pré-candidato a prefeito foi o médico cirurgião e ex-prefeito do município por dois mandatos, Osvaldo Cruz, frequentemente encontrado circulando pela cidade, realizando atendimentos a pacientes e encaminhando muitos deles para procedimentos cirúrgicos na Santa Casa de Valença, onde atua há mais de 20 anos. Dr. Osvaldo no seu último mandato em 2006, renunciou ao cargo entregando a prefeitura ao vice, Ademir Moreira, nos dias atuais seu mais ferrenho opositor, acusado por Cruz de ter lhe traído. Osvaldo não tem o apoio do PT, partido pelo qual se tornou o primeiro prefeito da legenda na Bahia, na década de 80, quando assumiu a Prefeitura de Jaguaquara pela primeira vez, mas está assumindo o comando do PSB, partido que tem a liderança estadual da senadora Lídice da Mata, aliada do Partido dos Trabalhadores, e que estava em mãos do empresário e líder do PT local, Ricardo Leal – Lealdade, amigo pessoal do governador Rui Costa.

Lealdade não obteve vitória na disputa emblemática com Giuliano em 2012, perdendo por apenas 603 votos de diferença. Ricardo Lealdade, que por deslize na campanha esbarrou no processo eleitoral e tornou-se inelegível, diz para os mais próximos que também será candidato, e que irá reverter a sua pendência com Justiça Eleitoral, devendo recorrer ao TSE para tentar garantir a sua candidatura. A crença dos simpatizantes de Lealdade é de que, pelo fato dele nunca ter exercido mandato eletivo, conseguirá solucionar o problema com a Justiça e registrar sua candidatura a prefeito. Mesmo assim, usando a estratégia do Plano B, comentam que Ricardo, tem como cartada final o lançamento da candidatura de sua esposa, professora Vanusa Leal, tendo como alternativas partidárias o PTB, com anuência de Benito Gama, ou o PL, que o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia e aliado de Lealdade, Marcelo Nilo, pretende criar no Estado. Ainda no campo das cogitações, dizem que o Dr. Osvaldo não esconde o seu desejo de trazer para o seu lado o apoio de Ricardo, que por sua vez, não demonstra muito interesse nessa possibilidade. Nas bolsas de apostas nos meios políticos da cidade, tem muita gente que avalia a hipótese de Ademir e Ricardo darem uma trégua em suas divergências políticas compondo uma chapa majoritária única, com a adesão, inclusive, do vice-prefeito Raimundo, para muitos apontada como ”forte” no enfrentamento aos demais grupos políticos.

*Por Marcos Frahm