Na cara da polícia: Pais de Ágatha Félix depõem pela primeira vez após morte da menina

Pais de Ágatha Felix na Divisão de Homicídios. Foto: Henrique Coelho

Os pais de Ágatha Félix, 8 anos, depõem à polícia pela primeira vez nesta quarta-feira (25) sobre a morte da menina, baleada na última sexta-feira (20) dentro de uma kombi no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro. Vanessa Francisco Sales e Adegilson Félix chegaram à Delegacia de Homicídios da capital fluminense, na zona oeste, acompanhados de Rodrigo Mondego, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, e não falaram com a imprensa.

A única vez em que eles falaram publicamente foi na terça (24), no programa ”Encontro com Fátima Bernardes”. ”Muda essa política de atirar. O que aconteceu com a minha filha pode acontecer com a vida de outras pessoas também”, disse o pai na entrevista.

O casal não havia prestado depoimento antes porque estava muito abalado, segundo o advogado. Foram ouvidas mais de 20 pessoas até agora, entre elas 12 policiais militares de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) da região do caso.

O motorista da kombi depôs na noite de sábado (21) e nesta terça (24), quando voltou a dizer que não havia tiroteio no momento da morte de Ágatha. ”Uma criancinha foi embora por conta da irresponsabilidade do polícia. Não teve tiroteio nenhum”, afirmou à imprensa na saída.

O veículo continua no estacionamento da delegacia, acessível a qualquer um que passa ao lado da unidade, com os vidros abertos. É possível ver a marca do tiro no banco traseiro, onde Ágatha estava sentada quando foi atingida, mas não há furos no porta-malas, que estava aberto no momento do disparo porque passageiros estavam desembarcando e pegando mochilas.

Também foram recolhidas ao menos oito armas de policiais de alguma forma envolvidos no episódio, entre pistolas e fuzis. Dessas, pelo menos cinco saíram da delegacia. A ideia é que sejam analisadas pelo ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli) e confrontadas com os fragmentos de projétil retirados do corpo de Ágatha. A reconstituição do caso está marcada para a próxima terça-feira (1), de acordo com o delegado Daniel Rosa, titular da unidade.