Marta entrega carta de demissão a Ricardo Nunes depois de dizer a Lula que aceita ser vice de Boulos em SP

A demissão da secretária municipal Marta Suplicy foi confirmada. Foto: Reprodução

A demissão da secretária municipal Marta Suplicy da gestão do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) foi confirmada no início da noite desta terça-feira (9). A secretária fala no documento que a saída foi de comum acordo e que que seguirá ”aminhos coerentes” com sua trajetória. A informação foi confirmada pela prefeitura em nota na qual afirmou que ”ficou decidido, em comum acordo, que ela deixa suas funções na Secretaria de Relações Internacionais”.

Marta havia dito ao presidente Lula em Brasília na segunda-feira (8) que aceita ser vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo. Nunes, que é pré-candidato à reeleição, e Marta se reuniram na prefeitura por cerca de duas horas. Ela saiu sem falar com jornalistas e não comentará o assunto. O secretário de Governo, Edson Aparecido (MDB), e o marido da ex-prefeita, Márcio Toledo, também participaram do encontro.

”Como em outras passagens de minha vida pública seguirei caminhos coerentes com minha trajetória, princípios e valores que nortearam toda a minha vida pública e que proporcionaram construir o legado que me trouxe até aqui”, afirmou a ex-prefeita na carta. Ela cita Bruno Covas (PSDB), prefeito que morreu em 2021 e que ela apoiou na campanha no ano anterior, e diz que foi acolhida tanto pela equipe dele quanto pela de Nunes.

“Neste momento em que o cenário político de nossa cidade prenuncia uma nova conjuntura, diferente daquela que, em janeiro de 2021, tive a honra de ser convidada por Bruno Covas para assumir a Secretaria Municipal de Relações Internacionais, encaminho, nesta data, de comum acordo, meu pedido de demissão deste cargo.”

Na carta, Marta enumera uma série de projetos e iniciativas que coordenou na secretaria e também faz agradecimentos à própria equipe. Ela encerra com um ”muito obrigada!” e sua assinatura. Também nesta terça, a prefeitura confirmou a saída de Marta em um comunicado. O texto afirma que Nunes chamou Marta ”para esclarecer as informações veiculadas na imprensa” e que foi acertada, em comum acordo, sua saída do cargo.

Antes do Natal, Lula já tinha ligado para Marta sinalizando o desejo de que ela se filiasse ao PT para integrar a chapa de Boulos na corrida pela Prefeitura de São Paulo. Os dois voltaram a se falar em reunião em Brasília nesta segunda. A ex-prefeita também esteve em cerimônia alusiva ao aniversário de um ano dos ataques de 8 de janeiro.

Nunes decidiu demitir Marta, preparou a carta de exoneração e marcou uma reunião com ela. De acordo com aliados, o prefeito recebeu novas evidências de que, de fato, Marta estava planejando migrar para a campanha de Boulos pelas suas costas. Interlocutores de Nunes dizem que ele ficou profundamente magoado e perdeu a confiança em Marta.

A possibilidade de que Marta voltasse ao PT para ser vice de Boulos foi revelada pelo jornal Folha de S.Paulo em novembro. Após ter sido ministra do Turismo no segundo mandato de Lula na Presidência, se eleger para o Senado em 2010 e ser ministra da Cultura do primeiro mandato de Dilma Rousseff, Marta rompeu com o PT e deixou a sigla em 2015.

No ano seguinte, 2016, votou a favor do impeachment de Dilma. Marta passou pelo MDB e Solidariedade e está, atualmente, sem partido. Ela se reaproximou de Lula e do PT a partir de 2019 e, na campanha de 2022, atuou no segundo turno para a consumação do apoio de Simone Tebet ao PT.

*por Joelmir Tavares/Carolina Linhares/Folhapress