Jovem que fez vídeo de PM agredindo adolescente do cabelo black é incluído em programa de proteção

PM tirou o boné do rapaz e comentou sobre o cabelo. Foto: Correio

O jovem que flagrou em vídeo a agressão de um policial militar contra um adolescente de 16 anos, em Salvador, foi incluído no programa de proteção a testemunhas e defensores de direitos humanos, da Secretaria Nacional de Cidadania do Ministério dos Direitos Humanos.

A informação foi divulgada pelo Coletivo de Entidades Negras, responsável por pedir a proteção para a testemunha. Em entrevista a TV Bahia, o jovem revelou que tem medo de represálias e que, após o caso, ele não retornou mais ao bairro. O coordenador do projeto, Yuri Silva, contou que a PM se comprometeu a realizar ações de conscientização com as tropas.

Nas filmagens, além das agressões, também é possível ouvir o policial chamar o jovem de ”viado” e fazer insultos racistas ao se referir ao cabelo dele. ”Você para mim é ladrão, você é vagabundo. Olha essa desgraça desse cabelo aqui. Tire aí vá, essa desgraça desse cabelo aqui. Você é o quê? Você é trabalhador, viado? É?”, grita o militar, enquanto puxa um boné que a vítima usava. O mesmo policial chega a dar murros na costela do rapaz, além de um tapa no rosto e um chute na barriga.

Depois de agredir o jovem, o policial entrou na viatura e deixou o local. Toda a ação foi filmada de dentro do portão de uma casa. Além da vítima agredida, é possível ver que outros dois jovens passaram pela abordagem policial.

Em publicação feita no perfil oficial no Twitter, na manhã de terça-feira (4), o governador Rui Costa comentou o caso. ”Como governador do Estado da Bahia não admito comportamento de violência policial como o ocorrido no vídeo que circula nas redes sociais. É inaceitável, inadmissível e não reflete o comportamento e os ideais da instituição”, disse.

O governador afirmou ainda que acompanha a apuração do caso desde a divulgação feita pela imprensa. ”Determinei apuração rigorosa e imediata da Corregedoria da Polícia Militar com as devidas punições legais aos responsáveis e divulgação para a sociedade das medidas adotadas. Para que esses casos isolados não possam continuar comprometendo a imagem da instituição”, escreveu na rede social.

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) designou um promotor de Justiça para acompanhar o Inquérito Policial Militar (IPM) e as demais providências necessárias no caso do adolescente. Segundo informações do Ministério Público, o Inquérito Policial Militar foi instaurado na quarta-feira (5) e é acompanhado pelo promotor de Justiça Maurício Cerqueira.

Ainda na quarta-feira, o comandante da PM realizou um encontro com a vítima e a mãe dela. Na ocasião, Anselmo Brandão pediu desculpas pelas agressões. Ele informou que as imagens mostram que o policial cometeu um ato infracional. Pela tarde, o adolescente fez exame de corpo de delito no Instituo Médico Legal (IML). G1