Herdeiros políticos, jovens vereadores travam luta na Câmara de Jaguaquara; um alfineta o outro

Herdeiros políticos buscam visibilidade. Fotomontagem/BMF

Dois jovens vereadores eleitos em 2020 para o primeiro mandato estão travando uma disputa por visibilidade desde que assumiram os assentos na Câmara de Jaguaquara. O vereador Rodrigo Dias (PSD), filho do ex-vereador e candidato a prefeito nas eleições 2020, Raimundo Louzado (PSD), derrotado pela prefeita Edione Agostinone (PP) por 58 votos de diferença intensifica, a cada sessão ordinária, suas críticas ao Poder Executivo, enquanto Nei, filho do ex-vereador e atual vice-prefeito Francisnei Santos (PDT), que exerceu cargo na Casa durante 16 anos tenta justificar falhas da gestão contestadas pelo opositor e a rusga entre ambos já não é mais novidade na Câmara.

Os mais experientes tentam apaziguar os ânimos, mas não escondem, nos bastidores, que os atritos entre Rodrigo e Nei desgastam eles e um acaba pagando um preço ainda mais alto que o outro. Na sessão desta quarta-feira (20), por exemplo, Rodrigo classificou a gestão da prefeita Edione de ineficiente, ao falar de contratos excessivos, demissões de servidores e atraso de salários, tendo ressaltado a importância de não mais aumentar impostos, cuja cobrança de supostas novas taxas permeou as discussões com a presença do secretário municipal de Infraestutura, Nelson Teixeira.

Para Rodrigo, os comerciantes não aceitariam novas taxas em período de crise e cobrou da gestão que se realize obras com recursos próprios, destacando que o município arrecada R$ 6 milhões / ano e teria totais condições de executar obras após promover organização financeira, evitando o inchaço da máquina, ao invés de ”pongar em obras do Governo do Estado”.

Já o governista Nei Filho, admirador declarado do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, ao rebater o colega demonstrou ser contrário a cobranças de novas taxas, mas chegou a citar a administração da capital baiana, dando como exemplos as ações da Prefeitura com a arrecadação de impostos. Ao justificar problemas citados pelo opositor com estradas vicinais o governista admitiu que é preciso buscar a organização e ampliação da equipe que atende a zona rural e pediu que, ao apontar as falhas, Rodrigo apresentasse soluções dos problemas. ”Se nós não montarmos uma estrutura, iremos enxugar gelo sempre e toda semana terá vereador refazendo as mesmas reclamações de 20 anos. Nós precisamos organizar essas contas para explorar o potencial da nossa cidade. Salvador fez gestão, organizou as contas e fez tantas obras com recursos próprios. Não adianta vereador chorar e não apontar soluções, não adianta cobrarmos apenas do município”, disse o vereador, sugerindo parceria entre Prefeitura e Estado para recuperação das estradas, insinuando que Rodrigo seria um defensor do governador Rui Costa.

Rodrigo retrucou dizendo ter ficado sem entender a fala do vereador, que diz ser contra o aumento de impostos e apontou os feitos da gestão de Salvador com arrecadação de tributos. ”Não posso aceitar que a gestora venha fazer gestão no mês de setembro. Porque não fez em janeiro? Corte de gastos se faz no início e eu não posso ser conivente. Vejo vereador pedir para fazer recadastramento imobiliário e dizer que não a favor de cobrança de impostos. Não entendi”, bradou.