Entenda decisão de Arthur Lira que favorece aliados, barra adversários e pode chegar ao Supremo

Arthur Lira é eleito presidente com 302 votos. Foto: Agência Câmara

No final da noite desta segunda-feira (1º), em seu primeiro ato como presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) anulou decisão de seu antecessor, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e excluiu praticamente todos os adversários de cargos do comando da Casa, trocando-os por aliados.

Entenda, a seguir, a decisão do novo presidente da Câmara e principal líder do centrão, eleito com apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Qual foi a decisão de Arthur Lira? A retirada de adversários em prol de partidos aliados se deu porque Lira indeferiu o registro de candidatura do bloco adversário, de Baleia Rossi (MDB-SP), sob alegação de que o PT perdeu por seis minutos o prazo estipulado para registrar no sistema seu apoio a Baleia.

O PT contesta, afirmando que uma deficiência no sistema o impediu de cumprir o prazo. Em sua decisão, Lira adotou entendimento que, se mantido, rebaixa o PT do terceiro posto mais importante, a primeira-secretaria, para o último, a quarta-secretaria. Já PSDB e Rede, que também integravam bloco adversário a Lira, perdem os postos a que teriam direito (segunda e quarta secretarias).

Quais são os cargos em disputa? Além do cargo de presidente, a cúpula da Câmara é formada por outros seis postos —1ª e 2ª vices-presidências, 1ª, 2ª, 3ª e 4ª secretarias. Esse colegiado de sete deputados é responsável por todas as decisões administrativas da Câmara e também por algumas políticas, como o encaminhamento de representações contra deputados.

Como esses serão distribuídos agora? Os seis cargos da Mesa são distribuídos de acordo com o tamanho de cada bloco. Sem o PT, o bloco de Baleia só terá direito à última vaga. O de Lira, às cinco primeiras —que devem ser distribuídas a partidos de seu bloco, formado majoritariamente pelo centrão.

Como os afestados pela decisão reagiram? Partidos da oposição e outros políticos prometem recorrer nesta terça-feira (2) ao STF (Supremo Tribunal Federal). A possibilidade de judicialização foi discutida em reunião na presidência do MDB, no início desta madrugada.

”Nós não aceitamos esse ato. Os partidos irão, conjuntamente, ao Supremo Tribunal Federal”, disse o líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (RJ), após o encontro dos deputados.

Segundo ele, os partidos que apoiaram a candidatura de Baleia Rossi ficaram sobressaltados com o ato “autoritário, antirregimental e ilegal” de Lira. ”Se continuar neste caminho, [Lira] comprometerá a governabilidade da Casa e perderá qualquer condição de presidir esta Casa”, disse. *Folhapress