Eleições 2024: Prefeita Juliana Araújo define não haver concorrência para as eleições municipais em Morro do Chapéu

Com uma das maiores unidades territoriais do estado, o município de Morro do Chapéu se destaca como a terceira maior economia da região geográfica imediata. Impulsionada pelo turismo, crescente comércio e os mitos de vida fora da Terra, a cidade registra um crescimento perceptivo dos índices socioeconômicos. Entre as recentes mudanças, esteve a eleição da primeira prefeita da história do município, a gestora Juliana Araújo (PL). Em entrevista ao Bahia Notícias, a prefeita definiu que o projeto de governo ”diferenciado” a colocou em um estágio onde ela não tema a pressão adversária para as eleições em outubro. Veja abaixo a entrevista completa:

O que a senhora acredita que deixa a sua marca no município? 

A marca principal é a gente cuidar do povo, gostar do que a gente faz. E eu gosto muito de ser prefeita. Durante os três anos de governo, a gente fez pesquisas qualitativas para saber o que cada povoado queria. Morro do Chapéu tem 5700 quilômetros quadrados. A gente tem povoados que ficam a 160 km da sede. Então, eu tentei fazer um pouquinho em cada povoado e na sede também o que as pessoas mais queriam. Os maiores sonhos do povo morrense, a gente está concretizando. A questão de obra é cuidar do povo, é ter um olhar diferenciado para as pessoas.

As estratégias para se comunicar com os cidadãos deram resultado?

Converso com todos, dos pequenos aos mais velhos. A gente vai fazer uma praça agora, que foi uma menina de oito anos que me pediu. Então assim, governar para o povo, não é o suficiente. É com o povo, porque eles têm que participar da administração. Eu peço que eles sejam os meus fiscais, porque eu não posso estar em toda a cidade olhando tudo. Então, se teve uma pessoa que quebrou alguma coisa pública? Fiscalizem se alguém jogou alguma coisa no chão, um lixo no chão, fala assim ‘Não, pai, não jogue lixo no chão, não, porque a gente quer uma cidade limpa’. Então a gente está governando todos juntos.

Morro do Chapéu foi uma cidade fortemente atingida pela estiagem no ano passado. Considerando os numerosos distritos rurais, quais foram as ações para amenizar esse problema?

A gente baixou um decreto de estiagem para que os produtores pudessem comprar as rações e o milho mais barato. Caminhão pipa não tava dando conta. A gente alugou mais caminhões pipas para poder abastecer essas pessoas e a vazão dos poços desceram demais, então a bomba não estava conseguindo pegar. Então a gente estava abastecendo as comunidades mais longínquas e a Secretaria de Agricultura em cima, ajudando sempre. Agora começou a chover. Eu já pedi para fazer o levantamento para revogar esse decreto de estiagem, porque as coisas já estão voltando ao normal. A assistência social fez o mapeamento de todas as famílias que estavam passando por dificuldade e a gente entregou diversas cestas básicas para as famílias.

Morro do Chapéu é uma cidade turística da região, onde o ecoturismo é muito forte. Quais são as estratégias do município para movimentar o setor?

A gente vender de uma forma boa Morro do Chapéu. O potencial de Morro do Chapéu é gigante. Mas eu acho que nas outras gestões não foram muito explorados. O deputado Pedro Tavares passou um projeto na Assembleia e em dezembro foi aprovado que hoje nós somos a capital do vinho da Chapada Diamantina, pelas nossas oito vinícolas. Para potencializar essa questão do turismo, a gente tem que mostrar para as pessoas que vale a pena ir para Morro do Chapéu. Vamos fazer agora, através do Sebrae, um curso para o setor hoteleiro e para o comércio também. Teremos a Feira Agropecuária, que acontece agora, nos dias 19, 20 e 21 de abril, que a gente movimenta mais de R$ 10 milhões no município. Também recebemos vários ETs na cidade, a gente tem um disco voador, que foi Seu Alonso que fez, ele viu um disco voador e se mudou para Morro do Chapéu, porque era o lugar potencialmente que tinha mais Óvnis. Então é a cidade fantástica, com seus segredos, com sua magia e vale muito a pena visitar.

A acessibilidade é uma questão importante na região da Chapada. Existe alguma parceria com o Governo do Estado para fomentar as obras de infraestrutura das estradas vicinais e rodovias? 

Zero. A gente faz. Graças a Deus, temos uma arrecadação boa. Lá a gente deve ter quase 2000 km de estrada vicinal e hoje, temos duas máquinas. Agora, no período de chuva, tem que refazer todas as estradas, principalmente porque as aulas estão começando, a gente começa a refazer pelas rotas de transporte escolar. A gente se vira. Graças a Deus, a gente tem deputados, principalmente o deputado Elmar Nascimento, que ajuda muito com emendas e a gente pode realizar esse trabalho.

Sobre a política, a senhora está no PL e recebeu convites para mudar de partido. Qual é a previsão para o futuro? 

Estou no PL hoje por conta do meu pai, o ex-deputado Zé Carlos Araújo, que era presidente estadual do PL aqui na Bahia e em 2022, ele saiu do PL e eu continuei. Na verdade, não tinha porque eu sair naquele momento, não era minha eleição, então continuei no PL. E hoje meu pai está como vice-presidente do PDT. Recebi convite do PDT, pelo deputado também Félix Mendonça; União Brasil, por Elmar; do PSB, pelo deputado Angelo Almeida e no dia 21 de março, agora a gente vai ter a festa de filiação lá no município e vocês vão descobrir [qual convite aceitei].

Sobre as eleições municipais em outubro, como você avalia a sua possibilidade de reeleição esse ano?

Eu avalio que as pessoas, não só em Morro do Chapéu, saibam votar em quem trabalha, em quem dá resultado para a população e que seja uma eleição respeitosa, principalmente, que a rede social está muito forte. Tem a questão da inteligência artificial, que eu acho que vai ser um problema nessa eleição, vai ter muito fake news. Você pode, com inteligência artificial, estar prejudicando uma pessoa não só politicamente, mas também a sua família. Meu modo de fazer política, é um modo respeitoso. Eu não acho que eu tenha adversários. Acho que a minha adversária sou eu mesma, porque se eu não trabalhar, eu vou dar lugar para outra pessoa conseguir se eleger. Então eu não tenho medo de adversários, porque eu trabalho e espero que o povo reconheça esse trabalho que a gente está fazendo. Vejo obra, sou mãe, sou mulher e eu acho que para nós mulheres isso é complicado. Trabalhar, ser mãe, ser esposa. E eu espero que a eleição seja uma eleição boa e respeitosa para com os adversários.

Sendo uma mulher na política, como você lida com os ataques, assédio moral e misoginia?

Eu acho que toda mulher sempre sofreu. Todas nós já sofremos algum tipo de assédio moral, de misoginia. Os homens já são competentes e nós temos que provar que somos competentes. Eu tento me blindar ao máximo. Às vezes, tenho que entoar o tom de voz para as pessoas poderem me respeitar. E é difícil você ser mulher na política. Sou a primeira mulher prefeita de uma cidade de 114 anos, extremamente machista e eu sinto no gabinete, no dia a dia, muitos homens que chegam lá e falam assim, ”eu estou sendo mandado por essa mulher?”. Você tá sendo mandado por uma pessoa competente, que foi competente para poder estar naquele lugar, independente de ser homem ou mulher. É uma tarefa diária.