O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez um discurso na abertura dos trabalhos de 2022 do Legislativo com indiretas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), adversário na disputa pelo Planalto, e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O chefe do Executivo disse que não irá regular a mídia e a imprensa nem revogará a reforma trabalhista, como o petista sinalizou que poderia fazer em declarações recentes.
”Não deixemos que qualquer um de nós, quem que esteja no Planalto Central, ouse regular a mídia, não interessa por qual intenção e objeto. A nossa liberdade, a liberdade de imprensa garantida em nossa Constituição não pode ser violada ou arranhada por quem quer que seja nesse país”, disse o presidente.
Apesar da fala, Bolsonaro acumula em seu governo diferentes ações para atacar e intimidar o trabalho da imprensa. Não trata exatamente de regulação, mas trata jornalistas com xingamentos, faz ameaças a órgão de imprensa diversos e já mobilizou o Planalto para tomar medidas de sufocamento da mídia.
Na fala desta quarta-feira, em relação ao TSE, Bolsonaro também criticou a possibilidade de regulação da internet e disse que ”a nossa liberdade está acima de tudo”.
”Os senhores nunca me verão vir aqui neste parlamento pedir pela regulação da mídia e da internet. Eu espero que isso não seja regulamentado por qualquer outro Poder, a nossa liberdade acima de tudo”, afirmou.
Recentemente, o TSE passou a discutir a possibilidade de banimento do aplicativo de mensagens Telegram, amplamente usado pela militância bolsonarista.
Bolsonaro compareceu nesta quarta-feira à cerimônia de abertura dos trabalhos do Legislativo, realizada na Câmara dos Deputados. O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, também participou da solenidade.
Um dia antes, Bolsonaro não compareceu à cerimônia de abertura do Judiciário, argumentando que iria sobrevoar áreas afetadas pelas enchentes na região da Grande São Paulo. Na manhã desta quarta, o presidente fez provocações contra integrantes de outros Poderes, em referências veladas ao Judiciário.
Esse foi o segundo ano seguido que o chefe do Executivo leva pessoalmente a mensagem presidencial ao parlamento desde que assumiu a Presidência da República.
Ele chegou ao Congresso acompanhado dos ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Secretaria de Governo, Flávia Arruda. Os ministros da Casa Civil, Ciro Nogueira, e da Saúde, Marcelo Queiroga, e das Comunicação, Fabio Faria, também estiveram presentes na solenidade.
Nos dois primeiros anos de sua gestão, enviou o então ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni. Durante a cerimônia de abertura dos trabalhos do Legislativo do ano passado, Jair Bolsonaro foi alvo de protesto de parlamentares do PSOL. Foi chamado de ”genocida” e ”fascista”. E respondeu em tom irônico ”nos encontramos em 2022”.
No ano passado, o governo do presidente Jair Bolsonaro apostava em uma nova relação com o Congresso Nacional, após ter conseguido eleger os presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente Lira e Pacheco.
O governo de fato viu melhorar o diálogo com a Câmara, após dois anos de atritos com o antecessor Rodrigo Maia (sem partido-RJ). Por outro lado, o Senado se tornou um foco de problemas para o governo, barrando a chamada pauta de costumes e impondo algumas derrotas, como a instalação da CPI da Covid.
Além disso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) despontou como pré-candidato ao Planalto, incomodando Bolsonaro e seus aliados mais próximos.
*Folhapress