Com doença degenerativa, gêmeas ganham bolsa integral em faculdades de Salvador

Gabriela e Beatriz, sentadas nas cadeiras de roda. Foto: G1

Ex-bolsistas de uma escola particular, as irmãs gêmeas baianas Gabriela e Beatriz Guimarães já garantiram também bolsas integrais em faculdades particulares de Salvador. Contudo, alcançar o nível superior não foi fácil para as jovens de 19 anos, que tiveram que administrar os estudos junto a uma doença neuromuscular degenerativa que compromete os movimentos do corpo e da fala. Com os problemas de saúde, vieram também os financeiros. Diante da necessidade de uma cadeira de rodas motorizada para uma delas ir à faculdade, uma campanha foi criada na internet para arrecadar dinheiro e fazer a compra. Elas criaram um perfil em uma rede social, @ajudebiaegabi, no qual as pessoas, além de saber como ajudar, podem acompanhar a rotina delas, como a ida às consultas e a realização de bazares para arrecadação de dinheiro. Filhas da jornalista Ana Cláudia Forte, Gabriela e Beatriz Guimarães nasceram e cresceram saudáveis, mas quando tinham entre 10 e 11 anos começaram a apresentar sintomas de Ataxia de Friedrich, doença que pode comprometer os movimentos do corpo e da fala. À medida em que a doença se agravava, surgiram também deformidades nos ossos, perda de sensibilidade nos membros, doenças na vista, no coração e diabetes. Ataxia de Friedrich não tem cura, mas tem tratamento. As irmãs têm também escoliose e dificuldade para enxergar, já que sofrem com a ceratocone, que afeta o formato e a espessura da córnea, provocando a percepção de imagens distorcidas. Por conta da escoliose, os pulmões delas estão sendo comprimidos, o que dificulta a respiração. Ana Cláudia conta ainda que enfrenta dificuldades financeiras devido aos gastos mensais com remédios para as filhas, de aproximadamente R$ 800. Apesar de tantos problemas, as irmãs persistiram no objetivo de estudar e cursar o nível superior. Elas conseguiram bolsas através do Programa Universidade para Todos (Prouni). Gabriela já está no quarto semestre da faculdade de biomedicina e foi a primeira a conseguir uma cadeira de rodas motorizada para facilitar a locomoção dela pela instituição de ensino. Agora falta a de Beatriz, que acabou de ser aprovada no curso de enfermagem. Beatriz ainda usa a cadeira manual e por conta da escoliose, ela tem dificuldade para empurrar a cadeira e ainda força a coluna, que sofre com o problema. Foi por conta dessa situação, que elas se motivaram a criar a campanha na internet. Mesmo com uma cadeira já garantida, a mãe das jovens disse que não descansa enquanto não conseguir uma cadeira motorizada para Beatriz também. A campanha na rede social também ajuda às jovens a arrecadar dinheiro para custear gastos com remédio. A mãe das jovens conta que foi após a realização de um bazar promovido por amigos e desconhecidos, que a família conseguiu verba para comprar a cadeira de rodas motorizada para Gabriela.