Cacá Leão confirma diálogo com ACM Neto, namoro é antigo e pedra foi cantada desde 2017

Cacá sinaliza aliança com ACM. Foto: Rodrigo Daniel Silva/bahia.ba

O deputado federal Cacá Leão confirmou o diálogo com o ex-prefeito ACM Neto (UB), porém, não descartou que o PP na Bahia possa aderir a candidatura do ministro da Cidadania João Roma (Republicanos). Cacá confirmou nesta segunda-feira (14) que a definição do destino do partido será tomada até a próxima sexta-feira (18).

”Abrimos o diálogo com o ex-prefeito ACM Neto, ele nos procurou na semana passada. Fez o convite ao vice-governador João Leão para que assumisse a condição de candidato a senador da sua chapa. Achamos que não seria ético da sua parte, enquanto estivéssemos participando do governo, que adiantássemos essas discussões. Estamos entregando os cargos do partido e vamos fazer a discussão com os pré-candidatos João Roma e ACM Neto”.

Apesar de não ter como preferência, Cacá também colocou como ”possibilidade” o seu nome ser colocado na disputa ao governo. ”Na política não podemos ter portas fechadas. Não é a que eu defendo. Eu defendo que ele seja candidato a senador, em uma chapa do melhor projeto, para cuidar da Bahia. Todos os dois são grandes amigos, tenho essa qualidade de dialogar e transitar. Vamos tomar essa decisão mais na frente. Estamos sendo cobrados por candidatos”, explicou, conforme informações do site Bahia Notícias.

Namoro antigo

Nos meios políticos, não é de hoje e nem apenas de ontem, que Cacá e ACM Neto trocam afagos. Inclusive, quem é bom de memória consegue relembrar o cenário político – eleitoral de 20177, antes da chapa Rui e Leão ser lançada a reeleição para 2018, quando surgiram na imprensa um turbilhão de especulações sobre a aproximação do filho do vice-governador com o então prefeito da capita baiana, que à época teria desistido de candidatura ao Governo, evitando uma eventual disputa com o governador. Políticos mais próximos ao grupo petista sempre observaram com desconfiança o chamado ”jogo duplo”.

Ainda em 2018, o clima era de tensão e outros até defendiam que o melhor era não ter a legenda progressista na coligação majoritária. Além do ”namoro” com o agora ex-prefeito, Cacá havia sido escolhido pelo presidente Michel Temer (PMDB) como relator do Orçamento da União na Câmara.

Para piorar, todos os seus demais colegas de Legislativo – Mário Negromonte Júnior, Roberto Britto e até mesmo o aspirante ao Senado Ronaldo Carletto – teriam votado sistematicamente em favor de todas as reformas elaboradas pelo Planalto, que eram combatidas veementemente por siglas aliadas do governador, como o PT e o PCdoB.

Marcelo Nilo dizia ser traição

Ex-presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo, outro que rompeu com Rui, era é o único a falar publicamente sobre o assunto, o qual considera como ”narrativa de traição”. O principal indício na ocasião foi um evento em Itaberaba, na Chapada, em que, apesar de estar no mesmo palanque que Rui, Cacá não fez qualquer menção ao chefe do Executivo em seu discurso. Em síntese, a relação entre ambos sempre foi azeda e Leão assumia o papel de apaziguador de conflitos na relação do filho com o governador. Agora, com a declaração de Jaques Wagner de que Rui ficará no mandato e assim não seria cumprida a promessa feita pelo próprio JW de que João faria um mandato tampão de governador, sonho antigo do Bonitão, o filho e outros progressistas o convenceram de que chegou a hora de virar a casaca.

*por Marcos Frahm