Cabral, o carioca!

O Rio de Janeiro atingiu os píncaros da contramão civilizatória. Um bebê que sequer tinha nascido levou um tiro. E, se sobreviver, corre o risco de ficar paraplégico, pois a bala atingiu a coluna.

Também vem do Rio outra pérola do mal, com o tempero das indecências que marcam esses dias no Brasil. Um deputado presidiário, o Celso Jacob, do PMDB, preso em Brasília, divide o seu tempo entre a cadeia, onde está condenado por corrupção quando era prefeito de Três Rios, e a Câmara dos Deputados, que tem o que faltava, um presidiário representando o povo.

Óbvio que tal situação resulta de um acúmulo de equívocos que tem na gênese a corrupção, mas com uma decisiva colaboração de Sérgio Cabral, o ex-governador do Rio, que está engaiolado.

Cabral é um caso emblemático na política brasileira. Começou parecendo uma estrela fulgurante, quando foi cotado para ser o presidenciável do PMDB, no embalo do lançamento das UPPs, por ele lançadas logo no início do governo. Mas logo converteu-se em uma monumental decepção para os que acreditam no futuro melhor protagonizado por quem se propõe a promovê-lo.

O circo dele começou a desmoronar em junho de 2011, quando veio a Trancoso, em Porto Seguro, passar o São João, e um helicóptero caiu, matando quatro pessoas, entre elas, a namorada do filho. O episódio revelou as estreitas ligações dele com o empresário Fernando Cavendish. Ainda assim conseguiu eleger Luiz Pezão, o vice.

Mas daí, com a Lava Jato, viu-se que Cabral tinha a corrupção como prática sistêmica, convertendo o fruto do roubo em joias caras. Pensou estar construindo a tranquilidade do futuro dele e arruinou ele e família, mais o Estado do Rio.

Cabral hoje divide uma cela com cinco presos em Bangu, presídio por ele construído. É um alento, mas o resultado da obra dele continua produzindo desgraças, inclusive abortando o direito de nascer.

*Por Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é Jornalista político, Diretor de Jornalismo do Bahia.ba, e titular da Coluna Tempo Presente do Jornal A Tarde.