Um adolescente brasileiro de 15 anos morreu durante bombardeios de Israel no Líbano, informou o Itamaraty nesta quarta-feira (25). Ele estava no vale do Bekaa, a leste da capital, Beirute, uma das regiões atacadas pelas tropas israelenses devido à presença de forças do Hezbollah.
O adolescente atingido foi identificado como Ali Kamal Abdallah. Ele nasceu em Foz de Iguaçu, no Paraná. O pai dele, que é paraguaio, também teria sido morto na ofensiva. A Embaixada do Brasil em Beirute está prestando assistência aos familiares das vítimas. As circunstâncias e a data das mortes não estão claras.
Ataques israelenses no Líbano mataram pelo menos 72 pessoas e deixaram outras 223 feridas nesta quarta, segundo dados do Ministério da Saúde libanês. Os conflitos no Oriente Médio entraram em uma nova fase na semana passada, quando Israel decidiu intensificar as ofensivas contra o Hezbollah no Líbano. Nos últimos dias, as Forças Armadas israelenses começaram a convocar reservistas para um possível ataque terrestre ao grupo extremista.
Diante da crise, o governo Lula pediu, nesta semana, que a embaixada brasileira no Líbano fizesse um levantamento de quantos cidadãos estariam interessados em voltar ao Brasil. A ideia é fazer um estudo logístico para uma possível missão de repatriação. Por ora, porém, a orientação é que os cidadãos saiam de lá por contra própria —o aeroporto de Beirute está aberto.
Há cerca de 21 mil brasileiros no Líbano, segundo o Itamaraty. Brasileiros relatam rotina de medo diário após ataques de Israel. As consequências dos conflitos recentes são mais sentidas no sul libanês, e milhares de pessoas fogem para o norte.
Centenas de veículos estão presos em filas na fronteira do Líbano com a Síria, de acordo com o Acnur, a agência para refugiados da ONU. Multidões que incluem mulheres e crianças também chegam a pé, e muitas pessoas têm de passar as noites ao relento. Segundo dados das autoridades libanesas, mais de 27 mil pessoas foram forçadas a se deslocar em 48 horas.
”Esse derramamento de sangue está cobrando um preço terrível, forçando dezenas de milhares a abandonarem suas casas”, disse Filippo Grandi, chefe do Acnur. “É mais uma provação para famílias que já haviam fugido da guerra na Síria e agora enfrentam um bombardeio no país onde buscaram refúgio. O Oriente Médio não pode suportar uma nova crise de deslocamento forçado”.
Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou nesta quarta, em reunião de urgência do Conselho de Segurança, que ”o inferno está à solta no Líbano”. “Todos devemos nos alarmar com a escalada; o Líbano está à beira do abismo”, afirmou.
Em discurso na Assembleia-Geral, Guterres já havia criticado a escalada dos ataques de Israel. Segundo ele, não se pode permitir que o Líbano ”se transforme em mais uma Gaza”, território palestino onde mais de 41 mil pessoas morreram devido às ofensivas, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.
O Hezbollah é aliado do Hamas, a facção terrorista palestina que realizou os atentados do 7 de Outubro contra o sul de Israel. Ambos os grupos são patrocinados pelo regime do Irã, arqui-inimigo de Tel Aviv.
*por Renan Marra/Folhapress