Após ter pai assassinado, mulher se torna advogada e ajuda a condenar acusado do crime após 20 anos

A baiana que se tornou advogada para fazer justiça. Foto: TV Bahia

Uma baiana de Curaçá, no norte do estado, teve o pai assassinado em 1996, quando tinha 14 anos, se formou em Direito, virou advogada e, na última terça-feira (27/08), mais de 20 anos depois, atuou no julgamento que condenou o homem acusado pelo crime. Segundo o G1, após a sentença, que condenou Adão Gonçalves da Silva a 16 anos e quatro meses de prisão em regime fechado, Janicleia de Souza Soares revelou que havia prometido diante do caixão do pai que iria em busca do homem apontado pelo homicídio.

”A promessa que eu fiz no dia da morte dele, no caixão dele, de que a pessoa que cometeu aquele crime iria pagar, iria ser condenado… E ele foi condenado apesar do tempo. Mas a sensação não poderia ser melhor, uma das melhores noites que tive de sono. Botei a cabeça no travesseiro em paz”, disse a advogada, que no júri atuou como assistente de acusação.

Jaime Barbosa Soares foi assassinado com um tiro no rosto. Ele tinha 44 anos. Adão Gonçalves da Silva era funcionário da vítima e suspeitava de um envolvimento de Jaime com a filha dele, uma adolescente, o que teria motivado do crime. Após a morte de Jaime, Adão fugiu e nunca mais foi visto em Curaçá. Após a condenação Janicleia revelou sentir uma sensação de paz e dever cumprido. ”Sentimento de paz, sentimento de Justiça, sentimento de satisfação, de visto o homem que matou meu pai condenado. Uma satisfação só dada por Deus mesmo, uma satisfação de consciência tranquila, de honradez”, afirmou.

Busca por Justiça

Janicleia se formou em Direito em 2012. No seguinte, ela procurou o Ministério Público da Bahia (MP-BA) para saber sobre o processo criminal envolvendo o pai. Na ocasião, ela descobriu que depois de tantos anos, o prazo para julgamento não tinha vencido, porque o suspeito sequer tinha sido ouvido pela polícia. ”Apesar de tantos mandados de prisão dentro do processo, esses mandados não tinham condições de ir para o banco de dados nacional, porque não tinha nem a qualificação completa dele”, explicou Janicleia.

Diante da situação, a advogada se habilitou como assistente de acusação no MP-BA. Janicleia conta que há 23 anos a saudade acompanha ela e a família. Além de Janicleia, Jaime Barbosa Soares deixou esposa e outros dois filhos. Com a perda precoce do pai, Janicleia conta que nasceu nela o desejo por justiça e, para não deixar o caso impune, ela decidiu se formar em Direito. A advogada estudou em Belém do São Francisco, em Pernambuco.