Com duras críticas ao juiz Sergio Moro e à Operação Lava Jato, advogados e especialistas em direito lançaram na noite desta segunda-feira (14) em São Paulo o livro ”Comentários a uma Sentença Anunciada: o Processo Lula”. Com 103 artigos, a obra reúne artigos que apontam problemas e equívocos na sentença que condenou o ex-presidente no caso do tríplex do Guarujá. ”Vivemos um momento terrível, doloroso”, afirmou no evento o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, um dos autores do livro. ”Mas não podemos ficar com sentimento derrotista, porque isso não leva a nada.” Pedro Estevam Serrano, Weida Zancanner, Lênio Streck e o ex-ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) também escreveram textos. Além de Cardozo, petistas como o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, o vereador Eduardo Suplicy e o deputado federal Paulo Teixeira participaram do encontro com cerca de 200 pessoas, em um auditório da PUC-SP, em Perdizes (zona oeste). ”Estamos aqui para defender não um homem, mas uma causa, que é a da justiça”, disse Haddad. Ele também falou que é preciso ”lutar para reverter a sentença e garantir Lula na urna em 2018”. Para Suplicy, o livro ”vai ajudar muito” o ex-presidente. Tanto Lula quanto a ex-presidente Dilma Rousseff compareceram ao lançamento da obra na capital fluminense, na sexta-feira (11), na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Convidados para o evento em São Paulo, não puderam ir. Ele se prepara para iniciar uma caravana pelo Nordeste na quinta-feira (17); ela perdeu no fim de semana o ex-marido, Carlos Araújo. A Folha apurou que a defesa de Lula tem evitado se associar ao livro por considerar que há irregularidade de rigor técnico entre os textos. Os 122 autores convidados têm diferentes níveis de experiência. A equipe que defende o petista não se opôs à publicação, mas também não fez manifestações públicas de apoio à obra. No debate, os advogados do ex-presidente foram descritos pelo deputado Paulo Teixeira como ”combativos e aguerridos”. “‘Foram humilhados nesse processo. Queremos demonstrar nossa solidariedade”, afirmou o parlamentar. Já há 22 eventos de lançamento marcados para as próximas semanas em várias cidades, segundo a advogada e professora Carol Proner, uma das organizadoras do livro. Além de reimpressões, está sendo preparada a tradução da obra para o inglês, de acordo com ela. A tiragem inicial foi de 5.000 exemplares. No evento em São Paulo foram disponibilizadas 200 unidades, a R$ 50 cada uma. ”Nós, juristas, estamos preocupados com a ordem jurídica no país, temendo um Estado de exceção”, afirmou Carol. “A preocupação é que se faça justiça fora do direito.” Um dos autores presentes no lançamento foi o advogado trabalhista Luís Carlos Moro, apontado em discursos de colegas como ”o Moro do bem”. O ”Moro do mal”, como foi chamado no evento o magistrado responsável pela Lava Jato em Curitiba, se tornou alvo nas falas. ”Ele [Moro] passou a ser um juiz a favor do golpe da presidente Dilma. Não foi mera casualidade”, disse no microfone o advogado criminalista Alberto Zacharias Toron ao relembrar a polêmica divulgação do áudio de um telefonema da ex-presidente a Lula. Para Toron, foi uma interceptação ilícita.