Ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal, Carlos Mário Velloso, 79 anos, tem convicção de que hoje existe razão para o impeachment de Dilma Rousseff. ”Fui dos primeiros a afirmar, quando se falava nesse tema, que não havia, até então, motivo, mas mudei o entendimento depois da decisão do TCU de rejeitar as contas da presidente”. Ao longo de mais de duas horas de entrevista, no escritório do 8º andar de um prédio no Setor de Autarquias Sul, Velloso falou sobre a maioridade penal, o foro privilegiado e a infinidade de recursos, que, segundo ele, deveriam ser reduzidos às instâncias iniciais. Também analisou as decisões do juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro, o mensalão, o caso Collor e a Lei da Ficha Limpa, segundo Velloso, um dos principais avanços do Supremo nos últimos anos. Mesmo longe do papel de juiz há nove anos, parece sempre pronto a participar de debates públicos. Nascido em Entre Rios de Minas, a 120km de Belo Horizonte, ele é um crítico aberto do foro privilegiado e do instrumento do “trânsito em julgado”. “É a liberalidade à brasileira. Nos Estados Unidos, um juiz de primeiro grau condenou, sai dali preso.” Velloso está em Brasília desde dezembro de 1977, quando chegou aqui para assumir o cargo de ministro do Tribunal Federal de Recursos. Formado em direito pela Universidade Federal de Minas Gerais, ainda no estado natal, foi professor, advogado, promotor de Justiça e juiz federal. Na capital da República, ocupou cadeiras no Superior Tribunal de Justiça, no Tribunal Superior Eleitoral, até ser nomeado no Supremo, em 1990. Ao deixar o STF, depois de 16 anos, disse que sentia como se o tivessem degolado. “Eu saí muito pesaroso, mas, seis meses depois, se me chamassem, não voltaria.” Amanhã, o ministro participará de encontro jurídico em sua homenagem, promovido pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, pela Harvard Law School Association of Brazil e pela FGV Direito Rio. A seguir, os principais trechos da entrevista: Lei mais