Eleições 2024: Bahia é o Estado com mais votos ”jogados fora” no país, apõs decisções judiciais

Pelo menos 14.764 votos foram ”jogados fora” no primeiro turno das eleições municipais de 2024, na Bahia. Esses votos são considerados desperdiçados porque os eleitores votaram em candidatos a vereador ou prefeito cujas candidaturas foram barradas pela Justiça Eleitoral.

Outros candidatos ainda aguardam julgamento, ou seja, a quantidade de votos perdidos ainda pode aumentar. O principal motivo para estes nomes ainda aparecerem disponíveis para os eleitores é porque os casos foram julgados após as urnas já terem sido preparadas com a inclusão destes candidatos.

No Brasil foram 41.213 votos dados à 132 candidatos barrados no país todo, de acordo com um levantamento do portal G1. Isso significa que cada candidato barrado angariou, em média, 312 votos. Esses votos são referentes a candidaturas barradas já sem direito a recurso, ou seja, em que a reversão da decisão é impossível.

Outros 7.153 candidatos também tiveram o seu registro indeferido até esta sexta-feira, cinco dias após o primeiro turno. No entanto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não informa quantos destes apareceram nas urnas.

 

MAIS VOTADOS

O postulante com candidatura indeferida que angariou mais votos foi Breno (PP), candidato à prefeitura de Oiapoque, no Amapá. Ele angariou 8.965 votos (54,45%) e foi eleito, mas teve a sua candidatura indeferida. Em setembro, ele chegou a ser preso por suspeita de compra votos.

A segunda candidatura indeferida com mais votos foi a de Mara Rios (PT), no município baiano de Muquém do São Francisco, que angariou 4.023 votos (47,28%). A atual prefeita da cidade perderia o pleito para Ailson Seles (Avante), que saiu com 52,72% dos votos.

Seis postulantes com candidaturas indeferidas tiveram mais de mil votos. Destes, três foram candidatos em municípios baianos. Além de Mara, Salviano (PSB) e Ninha (PSB), candidatos a vereador por Barra receberam, respectivamente, 1.438 e 1.038 votos cada.

O estado foi o que teve mais candidatos com candidaturas indeferidas, com 37 e com mais votos para estas candidaturas, com 14.736 votos ”jogados fora”. O segundo estado com mais candidaturas indeferidas foi Minas Gerais, com 18, e o segundo estado com mais votos ”desperdiçados” foi o Amapá, com 8.966 votos.

Nos casos em que o candidato a prefeito mais votado em um município tem a sua candidatura indeferida, novas eleições devem ser realizadas, conforme a Justiça eleitoral.

CANDIDATURAS SUB JUDICE

Há ainda casos em que a candidatura foi barrada pela justiça, mas nos quais ainda cabe recurso. Nestes casos, uma decisão da Justiça é esperada para que o candidato possa assumir. Caso o mandato comece sem esta decisão, o presidente da Câmara dos Vereadores assume até a resolução do imbróglio.

A Bahia também é o estado com maior número de votos em candidaturas deste tipo. Em Vitória da Conquista, a candidata Sheila Lemos (União) saiu vencedora com 116.488 votos (58,83%) e em Ruy Barbosa, Bonifácio (MDB) foi eleito com 9.999 votos, totalizando 126.487 votos possivelmente anulados no estado.

Bonifácio teve a sua candidatura indeferida por conta de problemas com as contas do município enquanto o administrava entre 2013 e 2016. O Tribunal de Contas de Ruy Barbosa teria rejeitado, configurando o caso como improbidade administrativa, decisão contestada pela defesa do candidato.

Em Vitória da Conquista, a situação seria, teoricamente, do exercício de três mandatos consecutivos por membros da mesma família. Em 2020, o então prefeito da cidade, Herzem Gusmão precisou ser internado, com Coronavírus. A então vice-prefeita, Irma Lemos, mãe de Sheila, assumiu interinamente a prefeitura da cidade. Herzem, no entanto, nunca chegou a assumir a prefeitura do município. Sheila, que já atuava como interina à data de sua morte, acabou assumindo o mandato definitivamente.