Depois que os votos foram computados no primeiro turno das eleições, no último dia 2, o ex-presidente Lula (PT) conseguiu a vitória em todos os nove estados do Nordeste. Ao analisar os resultados, o presidente Jair Bolsonaro (PL) – que venceu no Sul e no Centro-Oeste do Brasil – associou os números a um suposto ”analfabetismo” dos nordestinos.
”Lula venceu em 9 dos 10 estados com maior taxa de analfabetismo. Você sabe quais são esses estados? No nosso Nordeste. Outros dados econômicos agora também são inferiores na região”, disse o presidente, em mais uma ofensa direcionada a uma região que tem histórico de oposição a seu governo. ”Quem tiver uma gota de sangue nordestino não pode votar nesse negacionista, nesse monstro que governa esse país. Ele tem que aprender uma lição”, reagiu Lula à ofensa.
Que os índices de educação merecem, de fato, atenção especial, não há dúvidas. Mas o outro lado da moeda não deixa de ser verdadeiro. O Jornal da Metropole reuniu números que mostram que o Nordeste é, também, exemplo quando o assunto é o desempenho na educação e está longe da imagem pintada pela fala do presidente,
Quando o critério são os indicadores da educação, os cearenses são o exemplo. De acordo com os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica 2021 (Ideb) divulgados no início de Outubro, o Ceará é o estado com 87 escolas públicas entre as 100 melhores do país do 1º ao 5º ano.
Já Teresina, capital do Piauí carrega o título de ter a rede pública de ensino com melhor desempenho dentre as redes das 27 capitais brasileiras tanto no 5º quanto no 9º ano do ensino fundamental nas disciplinas de matemática e português. No ensino médio, Pernambuco teve o maior crescimento e, em 2021, teve o terceiro maior Ideb para a faixa no país.
Se os critérios de análise forem as redações escritas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), das 22 notas máximas alcançadas pelos estudantes em 2021, dez foram de alunos do nordeste. Na Bahia, três estudantes alcançaram o feito. O desempenho é também exemplar em Olimpíadas de conhecimento. Na edição de história da competição, realizada em agosto na Unicamp, os nordestinos levaram 56 das 75 medalhas distribuídas. O Ceará e Pernambuco são os estados mais premiados com 17 e 16 medalhas respectivamente.
Tantos dados positivos só mostram que o Nordeste tem sim do que se orgulhar quando o assunto é o desempenho na educação. Quem está na sala de aula hoje em todos os estados da região pode, quem sabe, estar se preparando para fazer parte de uma lista de nomes ilustres que já conta com Jorge Amado, Ruy Barbosa, Ariano e tantos outros.