O presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, renunciou à presidência da empresa nesta segunda (20). A queda ocorre depois de o governo de Jair Bolsonaro (PL) intensificar no fim de semana a pressão sobre ele. Dois ministros de Bolsonaro anteciparam a informação da queda à coluna.
A informação foi dada à coluna por um ministro do governo, e confirmada com um integrante do conselho da estatal. O colegiado, até então majoritariamente ao lado de Coelho, teria retirado o apoio a ele, o que teria selado a sua queda.
O atual presidente, assim, teria capitulado à pressão, aceitando pedir demissão sem esperar que uma assembleia de acionistas o destituisse do cargo. Mauro Coelho convocou uma reunião extraordinária da diretoria da empresa nesta manhã, quando fez o anúncio.. ”Ou ele renuncia, ou será destituído”, disse à coluna loo cedo um segundo ministro.
No dia 24 de maio, Bolsonaro anunciou que trocaria o comando da estatal e indicou o nome do então secretário de Desburocratização do Ministério da Economia, Caio Mário Paes de Andrade, para substituir o atual presidente da empresa.
Mauro Coelho, no entanto, tinha decidido até agora resistir no posto: pelas regras da companhia, ele só poderia ser substituído por uma assembleia extraordinária de acionistas, que ainda não tem data para ocorrer. Pela complexidade da empresa, ela pode demorar até 60 dias para ser finalizada.
Por isso, um mês depois do anúncio, Bolsonaro ainda tinha o dissabor de ver Mauro Coelho no cargo. A situação se agravou na semana passada depois que a petroleira anunciou mais um aumento, de 14,26% para o diesel e de 5,18% para a gasolina.
Bolsonaro afirmou que a empresa pode ”mergulhar o Brasil num caos”, provocando uma greve de caminhoneiros nos moldes da que paralisou o país em 2018.
O centrão aumentou a pressão sobre a Petrobras no nível máximo. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, afirmou que iria para “o pau”, abrindo uma CPI contra a estatal e taxando seus lucros. As ações da empresa despencaram.
Um dos conselheiros que representa os acionistas privados chegou a enviar uma carta para ministros do governo tentando abrir um canal de negociação, em vão.
*Mônica Bergamo/Folhapress