Que o poder de compra diminuiu, não é novidade, mas o que tem ultrapassado o limite de valores, impactando diretamente a vida dos baianos é a alta dos preços dos combustíveis, que tem sido recorrente nos últimos meses. O reflexo dos reajustes para cima, principalmente do diesel, que na Bahia está mais caro que a gasolina, é o encarecimento de diversos produtos.
Segundo a economista e Supervisora Técnica Regional do DIEESE, Ana Georgina Dias, o aumento repercute no frete e no valor final dos produtos.
”A partir do momento que, por exemplo, aumenta o diesel, impacta no frete, então as mercadorias transportadas também aumentam. No geral, o avanço no preço dos combustíveis, significa espalhar a elevação para outros itens e outros serviços da economia, gerando um crescimento inflacionário, como já estamos vendo nos últimos meses”, explicou em conversa com o site bahia.ba.
Para Georgina, esse avanço tem um impacto gigantesco, sobretudo para as famílias baianas de menor renda. ”O gás de cozinha, o GLP, tem um impacto também gigantesco sobre as famílias de menor renda. Em média, um botijão de gás de 13kg custa mais de 10% do salário mínimo, nem todas as famílias conseguem arcar com esse custo. Além disso, o aumento dos combustíveis também acaba elevando o preço do transporte público e os transporte por aplicativo, tendo um impacto grande”, disse.
De acordo com a economista, o setor mais afetado é o de transporte, tanto público, quanto privado. ”O setor de transporte, de modo geral, é muito afetado por essa alta. Nesse momento, o diesel custa mais caro que a gasolina e ao longo do período de início da operação da Acelen, com a privatização da Landulpho Alves (RLAM) em 1 de dezembro do ano passado até agora início de maio, já temos uma elevação do custo das refinarias para as distribuidoras de mais de 58%”, afirmou.
A supervisora ratificou que a prefeitura de Salvador ainda tem segurado o custo das tarifas de ônibus, mas que em junho, caso não haja qualquer subsídio, o soteropolitano vai passar a pagar R$ 4,99 na passagem. ”Um impacto muito grande”.
”Muitas transportadoras também têm feito relatos do peso do combustível na sua planilha de custos, muitas até preferindo abastecer em outros estados como Pernambuco e Sergipe, que tem outras refinarias com preços menores”, declarou.
Ainda segundo Ana, os próprios postos de combustíveis têm se queixado que com o aumento, eles têm vendido muito menos. ”Ainda que o preço seja maior, como eles estão vendendo uma quantidade menor, não é tão positivo para eles”.