A corregedoria geral do Departamento Estadual de Trânsito da Bahia (Detran-BA) identificou há um ano as fraudes de dados de veículos que estavam ocorrendo nos estados do Espírito Santo, Bahia e Minas Gerais. A entidade acredita que as fraudes aconteciam apenas em Alcobaça, uma cidade do Sul baiano. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os criminosos realizavam adulteração na documentação de veículos, no chassi e no eixo do veículo. O valor das fraudes variavam entre R$ 1 mil e R$ 8 mil. Ainda segundo as investigações, mais de 570 carretas foram adulteradas pela quadrilha. Do total, 128 alterações foram realizadas na Bahia e 368 em Minas Gerais. Apesar de não haver um levantamento na Bahia, somente no Espírito Santo, a PRF registrou 1.264 acidentes com os veículos adulterados, resultando na morte de 123 pessoas no estado.O corregedor geral do Detran-BA, Osvaldo Mota Moura, explicou ao CORREIO que a fraude foi identificada na Bahia em meados de novembro de 2017 durante uma investigação na cidade para apurar a facilitação de emissão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). ”Nós fizemos uma diligência na cidade porque descobrimos que mineiros vinham à Bahia para conseguir CNH, sem cumprir as finalidades legais. Detectamos que, além das CNHs facilitadas, existiam alguns processos relacionados a veículos que estavam sendo fraudados também”, explicou Moura. De acordo com o corregedor, dois servidores foram imediatamente afastados. O caso foi investigado pelo Detran-BA e encaminhado para a delegacia do município. ”O que foi apurado pela corregedoria indica que a ação só ocorreu em Alcobaça. Pode ser que a polícia tenha outros indícios que não temos conhecimento”, pontuou.
Matrícula
”O que acontecia era que um desses servidores utilizavam a matrícula de servidores de outro estado para fraudar os documentos. Então acredito que isso vai ser levado em consideração. Atualmente o estado não deixa mais que esse tipo de ação seja feita”, acrescentou Moura. O esquema em Alcaçoba era comandado pelo coordenador de Habilitação e pelo coordenador da Regional de Trânsito (Retran) da cidade. Na época, o CORREIO noticiou o caso. Com a descoberta da fraude, os condutores e proprietários de veículos que haviam sido beneficiados pelas fraudes tiveram os documentos suspensos e cancelados e também foram responsabilizadas na esfera criminal. Os dois eram funcionários da Prefeitura de Alcobaça e estavam emprestados ao Detran. A Polícia Rodoviária Federal e o Ministério Público da Bahia (MP-BA) divulgaram que foram cumpridos seis mandados de prisão temporária e nove mandados de busca e apreensão nas cidades de Teixeira de Freitas, Itamaraju, Alcobaça e Prado. O MP informou que a investigação começou há quase 10 meses e identificou a existência de associações criminosas que atuavam alterando ou modificando informações de veículos de forma ilegal e inserindo essas modificações nos sistemas dos Detrans.