O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2018 teve uma questão de matemática anulada na segunda-feira (12), por não ser inédita – ela já havia aparecido no vestibular da Universidade Federal do Paraná, no fim de 2013. Desde que o Enem passou por uma reformulação para o formato atual, em 2009, houve outros três casos de anulação de pergunta. Segundo professores ouvidos pelo G1, a nota dos candidatos não será afetada. O método de correção do exame apenas passa a desconsiderar a questão anulada e a calcular a nota com base nas demais perguntas.
Veja os motivos de outros episódios de cancelamento:
Enem 2018
Professores do Curso Anglo identificaram que a pergunta sobre pena de reclusão por tráfico de drogas já havia sido usada no vestibular da UFPR, para candidatos que pleiteavam uma vaga em 2014. Segundo o Ministério da Educação (MEC), a questão vai ser anulada e motivará uma investigação, que pode ”culminar em instauração de processos administrativo, cível e/ou criminal”. De acordo com a pasta, ”a questão foi elaborada em 2012 para o Inep, por um professor que, à época, estava vinculado à UFPR. No entanto, posteriormente, em 2013, foi utilizada no vestibular da própria universidade, para ingresso em 2014, o que não deveria ter ocorrido”, afirmou o ministério. Duas regras, portanto, foram quebradas: a do ineditismo e a que obriga professores contratados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) a manterem sob sigilo todas as perguntas formuladas para o Enem.
Enem 2016 – 2ª aplicação
Em 2016, por causa da ocupação estudantil em escolas que serviriam como local de prova, houve duas edições do Enem – uma em novembro, outra em dezembro. Na segunda aplicação, uma questão de ciências da natureza foi anulada por incluir um gráfico que possibilitaria mais de uma interpretação. A pergunta era sobre a concentração de gases responsáveis pelo efeito estufa na atmosfera, entre 1978 e 2010. Não havia dados incorretos, mas as escalas dos gráficos poderiam ter dificultado a visualização dos dados. Para os candidatos com deficiência visual, a prova tinha imagens adaptadas, nas quais não havia o risco de dupla interpretação. Para eles, portanto, a pergunta não foi anulada.
Enem 2011
Em 2011, catorze questões do Enem foram anuladas para um grupo específico de candidatos – 639 alunos do Colégio Christus, em Fortaleza. A escola antecipou, em apostilas, questões que foram cobradas no exame nacional. Naquele ano, houve uma série de decisões da Justiça sobre a abrangência do cancelamento das perguntas. Chegou a ser cogitado que os alunos do colégio cearense fizessem o Enem em uma segunda aplicação da prova, na mesma data das pessoas privadas de liberdade (Enem PPL). Depois, a Justiça Federal no Ceará decidiu que as catorze questões seriam anuladas para todos os candidatos do Enem. Em seguida, veio a determinação final: o Tribunal Regional Federal da 5ª Região estabeleceu que o cancelamento das perguntas deveria ocorrer apenas para os estudantes do colégio cearense. Em nota publicada pelo MEC, os afetados “sofreriam prejuízos mínimos”, porque a metodologia do exame permite que, mesmo com apenas 166 de 180 questões válidas, a pontuação máxima deles continue sendo de mil pontos.
Enem 2009
Na edição de 2009, segundo o Inep, uma pergunta sobre uma tirinha de história em quadrinhos apresentava duas alternativas corretas. De acordo com o jornal O Globo, o MEC sabia, antes da aplicação do exame, que a questão precisaria ser anulada. Mas a prova já estava na gráfica e, por isso, a pasta decidiu manter a pergunta e só comunicar seu cancelamento depois da prova.
Outras polêmicas
Em outros anos, professores e candidatos pediram a anulação de questões do Enem. Mas, na decisão final, o Inep optou por mantê-las válidas no gabarito. Em 2013, uma questão de biologia apresentou imagem semelhante à de um exame da Fuvest, em 2007. A diferença é que, neste último, a pergunta era dissertativa, ou seja, não tinha alternativas. Professores de cursinhos chegaram a alegar, na época, que candidatos de São Paulo poderiam ter sido beneficiados por talvez já terem visto a figura em um vestibular importante da capital. O Inep optou por não cancelar a pergunta. Antes disso, em 2010, um lote de provas amarelas do Enem teve problemas de impressão e foi entregue com perguntas repetidas e sequência numérica apagada. Os cerca de 9 mil candidatos afetados puderam prestar uma segunda aplicação do exame naquele ano. Também em 2010, houve um defeito na impressão dos gabaritos. No cartão de respostas, as áreas de conhecimento estavam invertidas: as questões de 1 a 45 eram de ciências humanas, mas estavam com o título de ciências da natureza. E de 46 a 90, vice-versa. Segundo o MEC, os fiscais foram avisados para orientar os candidatos a levarem em conta o número de cada questão, e não o título do gabarito. No entanto, alguns alunos afirmaram que não foram avisados e que, por isso, teriam sido prejudicados. Como solução, o MEC abriu a possibilidade de os candidatos solicitarem a correção invertida das disciplinas.