Parlamentares ”pró e contra” o prefeito Giuliano Martinelli (PP), de Jaguaquara, protagonizaram bate-boca no plenário da Câmara Municipal, nesta quarta-feira (20), durante sessão de votação das contas da Prefeitura do exercício financeiro de 2015, reprovadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Em seu discurso, a vereadora Sara Helem (DEM), que teria conseguido liminar na Justiça, que resultou na suspensão da sessão convocada para a última quarta-feira (13), quando as contas seriam apreciadas, afirmou que representa ”uma oposição inteligente e que cuida com muito zelo do eu trabalho”. A parlamentar aproveitou para alfinetar a advogada de defesa do prefeito, que lhe antecedeu no discurso, Joergeane Mascarenhas. ”Quero parabenizar a defensora do prefeito, que esteve aqui nesta noite, que tentou defender o indefensável, porque a realidade de Jaguaquara é bem distante dessa prestação de contas, tratando-se da transparência. Foi necessária uma medida judicial para buscar o acesso as planilhas de controle de combustível, diante de R$ 8 milhões de gastos excessivos para uma cidade como Jaguaquara. Nós não temos qui, transporte coletivo da prefeitura, para justificar a quantidade de combustível que foi utilizada”, bradou a demista, que chegou no governista Nildo Pirôpo (PSB). A vereadora disse que veículos locados a prefeitura foram utilizados indevidamente e ”que ninguém aqui distorça o que estamos falando”, e que as falhas contestadas com relação locação de veículos, sem apresentação de documentação em dia dos automóveis, foram apresentadas pelo Tribunal e não pela oposição. E que o gestor ainda não apresentou a documentação até o momento, e que o TCM não errou. ”Jaguaquara precisa dar uma resposta nesse momento de uma política em plena crise. nós precisamos chamar os responsáveis para responder e não fazer como vereadores que fizeram aqui. E eu posso me dirigir diretamente ao vereador Rosenildo Pirôpo”. Sara relembrou o discurso de Pirôpo na sessão do último dia (7), quando foram votadas e aprovadas as contas do exercício de 2014 da prefeitura, também rejeitadas pelo Tribunal, ocasião em que, ao contestar gastos sem comprovação com publicidade, a vereadora foi criticada por ele, tendo enfatizado contratos firmados por uma empresa responsável pelo serviço de som no distrito Stela Dubois, de propriedade da mãe da opositora, com a prefeitura, para divulgação das ações da gestão. No entendimento de Pirôpo, ele não teria legitimidade para falar de gastos com publicidade, em razão do contrato com o poder público firmado pela empresa da família. ”Uma postura de tentar denegrir uma imagem, utilizar um contrato que existe desde 1990 para servir a comunidade do Entroncamento. Assim como o AJ faz qui, no Entroncamento existe a Helem Publicidade, que é de propriedade da minha família”, justificou a parlamentar. Sara acusou Pirôpo de ter tentado lhe convencer, ainda durante o processo eleitoral de 2016, quando ambos integravam o projeto político do ex-prefeito Osvaldo Cruz (PSB), derrotado por Giuliano na disputa pela Prefeitura a integrar a base do atual gestor na Câmara e que, Pirôpo, não teria credibilidade para apontar erros, por ter indicado a esposa e outros parentes para ocupação de cargos na atual administração pública municipal. ”Nunca fiz negociatas com o prefeito, não existe provas. Esse sistema de som inclusive teve o contrato cortado pelo prefeito”. Por fim, pediu para que o edil não usasse o nome da sua família e que procurasse se comportar.
O clima esquentou e Pirôpo reagiu as críticas e acusações. Subiu à tribuna da Casa Legislativa, e fez um desafio a opositora. Nildo, na defesa do prefeito, propôs que Sara comprovasse gastos excessivos da Prefeitura com combustível, no valor de R$ 8 milhões e, caso houver comprovação, prometeu renunciar ao mandato. ”Foi falado aqui, de forma leviana, pela vereadora, que o município gastou R$ 8 milhões com combustível. Se a senhora provar que a prefeitura gastou em 2015 R$ 8 milhões eu renunciou o meu mandato. A senhora prova mais uma vez, que é uma vereadora mentirosa, que desrespeitou nós, vereadores. Ouvi sua entrevista lá na rádio de Jequié, onde destratou todos nós, vereadores, destratou o procurador dessa casa, desrespeitando sua classe de advogados”. Pirôpo disse, ainda, que Sara foi assessora jurídica da prefeitura, em 2005, na gestão do então prefeito Osvaldo Cruz – eleito pelo PT, que naquela época também não conseguiu passar pelo crivo dos relatores do Tribunal de Contas dos Municípios – TCM, tendo suas contas reprovadas. ”Essa mesma vereadora gente, em 2005, era assessora jurídica da prefeitura, quando Osvaldo Cruz teve suas contas rejeitadas e era ela quem orientava o prefeito, que teve suas contas rejeitadas por contratação de servidores públicos, por usar os recursos públicos sem autorização da câmara. É muito fácil atirar pedras nos outros. Quando falei da Helem Publicidade, é verdade”, rebateu, referindo-se, novamente, a empresa de publicidade da mãe da vereadora, que não foi citada, nominalmente. Sobre ter emplacado a esposa na prefeitura, Pirôpo minimizou, mas demonstrou não ter apego ao cargo ocupado pela mulher, que atua na Secretaria de Saúde. ”Ela ganha um mil e quinhentos reais, mas ela trabalha, ela não recebe sem trabalhar. Se isso está lhe incomodando tanto, ela sai”. Na avaliação dele, os dois oposicionistas na Câmara estão incomodados com a gestão atual, ”porque em um ano de crise, o prefeito tem quatorze obras para entregar”. E concluiu, afirmando que ”se a senhora me respeitar, eu lhe respeito, mas se não me respeitar eu vou lhe tratar da mesma maneira”.