Michel Temer convocou políticos aliados para fazer uma rechecagem geral dos votos prometidos: não quer surpresa na quarta-feira que vem, quando a Câmara vai analisar a denúncia do Ministério Público. É preciso que dois terços dos deputados votem contra Temer para que ele seja investigado. Cada um será chamado pelo nome a dar o voto, como foi no impeachment de Dilma Rousseff, começando por um parlamentar do Norte, seguido por um do Sul, vice e versa, seguindo a ordem alfabética. E haverá segunda chamada para os faltosos. A mistura de preço da gasolina em alta, popularidade de Temer ladeira a baixo, Lava-jato, eleição no ano que vem e voto no microfone parece perigosa, mas aliados do governo como Beto Mansur (PRB/SP) minimizam o peso dessa pressão: ”Olha, eu acho que isso não vai influenciar em nada. Os parlamentares têm suas posições definidas. Não é porque vai falar no microfone que vai votar de um jeito ou de outro”. A sessão do dia 2 deve começar de manhã. O governo calcula que Temer conta hoje com 280 votos suficientes pra barrar a denúncia e acha que até o fim da tarde haja um resultado. Com 52 presentes é possível já a leitura do parecer de Paulo Abi-Ackel (PSDB), que livra Temer da investigação. Depois, a defesa terá 25 minutos para falar. Na sequência, sobem à tribuna deputados a favor e contra o presidente. Após quatro discursos e se o quórum subir para 257, é possível encerrar as discussões, mas a votação mesmo só pode começar quando 342 deputados registrarem presença. O deputado Alessandro Molon (Rede) criticou o ”toma lá, dá cá” entre governo e sua base, e espera que a exposição dos votos ajude a oposição: ”Nós acreditamos que temos chances de vencer. E, se não vencermos agora, é fundamental que a posição de cada parlamentar fique clara para todo país para que haja pressão sobre o Congresso. E, desta forma, se não for na primeira no mínimo na segunda denúncia seja autorizada a investigação contra Temer pelo STF”. A oposição vai se reunir na véspera para decidir que estratégia adotar. Alguns adversários de Temer acham que eles não devem ajudar a dar quórum, mas só registrar presença se o governo levar 342 para o plenário. Outros acham que a votação deve ocorrer, pois avaliam que o sangramento do governo, inclusive com outra denúncia, vai continuar.