Jornalistas, comunicadores, empresários do setor e estudantes se reuniram no auditório da Associação Bahiana da Imprensa (ABI- Bahia), no Centro Histórico de Salvador, em comemoração ao Dia do Jornalista, celebrado nesta sexta-feira (7). A manhã foi voltada para homenagear os colegas e refletir sobre o papel da profissão. No evento, 50 cronistas foram premiados pela atuação no jornalismo esportivo baiano. Já o presidente da Associação Brasileira de Jornalismo (ABI), Domingo Meirelles, apresentou palestra sobre ”as relações entre a mídia e o poder’ e ‘a censura sobre a imprensa e o poder judiciário”. Saudoso, o jornalista lembrou de como as bancas de jornal do Rio de Janeiro tinham diariamente uma variada oferta de publicações, enquanto atualmente a Rede Globo domina o mercado na cidade. Ele avalia que nas décadas de 60 e 70 os veículos impressos se organizaram, montaram grandes redações e investiram em conteúdo para combater a concorrência da televisão, então uma novidade pra o mercado jornalístico. ”Os anos 60 e 70 foram talvez os anos mais gloriosos da imprensa brasileira”, analisa. Meirelles entende que as redações devem encarar de maneira semelhante o advento da internet e das redes sociais. ”Há muita lenda que envolve a mídia em papel. Hoje já há um conceito cristalizado de que o papel vai acabar. A própria mídia impressa já enfrentou grandes confrontos no passado e conseguiu superar”, afirmou. No entanto, ele desconfia que quem herdou a administração dos veículos não possui a mesma competência de seus antecessores. ”Nem sempre os herdeiros têm o mesmo talento do pai”, ressaltou. Apesar da avaliação crítica sobre a imprensa atual justamente no Dia do Jornalista, ele acredita que a profissão pode encontrar uma nova carta náutica para seguir novos rumos. ”Não sou uma pessoa pessimista, pelo contrário, [a palestra] foi um desabafo. Vejo o jornalismo de forma muito romântica. É uma profissão que ainda causa inveja”, disse. Com um largo currículo por grandes redações do país, Meirelles fez críticas ao modo como o jornalismo é praticado atualmente, mas também à atuação do Poder Judiciário como censor da imprensa. Ele destacou especialmente os julgamentos em primeira instância quando questionado sobre processos movidos contra jornalistas como os da Gazeta do Povo, do Paraná. ”Os juízes de primeira instância tem julgado determinadas ações na contramão até do Supremo”, avaliou, classificando o impacto de determinadas decisões como uma ”praga”.