O empresário Vinicius Claret Vieira Barreto, apontado como doleiro do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), foi preso no início da noite desta sexta-feira (3) no Uruguai, a pedido da força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio. Também foi preso um sócio do suspeito, Cláudio Fernando Barbosa. Barreto foi citado pelos doleiros Renato e Marcelo Chebar como o principal responsável, a partir de 2007, por gerir boa parte da fortuna supostamente obtida por Cabral por meio de propina. A ordem de prisão foi expedida pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal no Rio e executada por meio de cooperação internacional. Investigadores apontam que Barreto pode ser o caminho para uma parte maior ainda não descoberta do dinheiro escondido pelo ex-governador. Em nome dos irmãos Chebar estava, segundo a delação premiada dos doleiros, US$ 100 milhões em contas no exterior. Coordenador da Lava Jato no Rio, o procurador Leonardo Freitas, definiu o patrimônio de Cabral como ”um oceano ainda não completamente mapeado”. O empresário é citado como uma válvula de escape após Cabral aumentar de forma expressiva o volume de propina a ser enviada ao exterior pelos irmãos Chebar após assumir o governo estadual. Em depoimento, eles declararam que acionaram um doleiro conhecido como ”Juca Bala”. Os irmãos sequer sabiam o nome completo dele -apenas o conheciam também como Vinicius. O contato com ele sempre era feito por meio do MSN Messenger, sempre com diferentes nomes de usuários. O rosto dele foi reconhecido pelos delatores para confirmar a prisão. Reportagem publicada pelo site “Sudestada”, do Uruguai, há duas semanas, mostrou que vínculos entre Barreto e outro acusado de lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato. Ele e o advogado Oscar Algorta fazem parte da direção de uma offshore panamenha chamada Sabra Holdings Corp. Algorta foi denunciado por lavagem de dinheiro por ter ocultado a compra de um imóvel pelo ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Segundo a reportagem apurou, Barreto é brasileiro, mas tem cidadania uruguaia. Em Montevidéu, onde vive, mantém uma empresa especializada na confecção de pranchas de stand up paddle. Ele já disputou campeonatos da modalidade no Uruguai e no Brasil.