O ex-goleiro Bruno Fernandes de Souza, 32, condenado por assassinar a amante Eliza Samudio, em 2010, foi solto na noite desta sexta-feira (24) após um habeas corpus concedido pelo ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal). Ele estava preso na Apac (Associação de Proteção e Assistência ao Condenado), em Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte. Embora tivesse sido condenado em primeira instância em 2013, Bruno ainda aguardava a análise de recurso pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (segunda instância). O ex-goleiro deixou a prisão sem falar com a imprensa, acompanhado de sua mulher, Ingrid Calheiros, e dos advogados Lúcio Adolfo e Luan Veloso. O TJ-MG foi questionado pela reportagem, mas não respondeu sobre as razões para a demora na análise do caso. O ministro Marco Aurélio argumentou que Bruno não poderia seguir encarcerado com base na prisão preventiva, sem julgamento da apelação em segunda instância. Por isso, decidiu que ele poderia recorrer em liberdade. ”A esta altura, sem culpa formada, o paciente está preso há 6 anos e 7 meses. Nada, absolutamente nada, justifica tal fato”, disse Marco Aurélio, ressaltando que a detenção de Bruno continuava sendo de natureza provisória. Bruno e seu amigo e braço direito, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, foram condenados, em 2013, a 22 anos e 15 anos de prisão, respectivamente, pela morte e ocultação do cadáver de Samudio. O ministro do STF, em sua decisão, disse que Bruno não poderia ficar preso por causa da pressão da sociedade. ”O clamor social surge como elemento neutro, insuficiente a respaldar a preventiva. Por fim, colocou-se em segundo plano o fato de o paciente ser primário e possuir bons antecedentes”, escreveu. O advogado do ex-goleiro, Lúcio Adolfo, disse que Bruno se emocionou ao saber da decisão de soltura. Ele encontraria familiares, incluindo a mulher, a dentista Ingrid Calheiros, com quem se casou em 2016, em cerimônia nas dependências da Apac. Segundo Adolfo, o jogador recebeu propostas de quatro clubes do Brasil e uma do exterior. O advogado não quis dar detalhes, apenas informou que um clube é de Minas, outro de São Paulo e dois estão na primeira divisão. ”Tem time que quer o Bruno já disputando o campeonato estadual”, afirmou. ”A prisão chama provisória, mas a cada dia ele perde forma física, que é o trabalho dele. É uma prisão definitiva”, disse. Bruno havia conhecido Eliza Samudio em 2009 e, meses depois, ela ficou grávida. Segundo a Promotoria, ao tomar conhecimento da gestação, o então goleiro ”propôs um acordo financeiro” para que Eliza abortasse o feto. Com a recusa, Bruno passou a arcar com algumas despesas de Eliza, mas chegou a ameaçá-la de morte.