Revoltados com a não homologação do resultado das eleições para o cargo de reitor do IFBaiano, realizadas em janeiro último, professores, diretores e outros servidores da instituição pública Federal na Bahia realizam campanha contra o Conselho Superior (Consup) do IFBaiano, que alega realização de propaganda fora do prazo legal, durante as eleições, em que o vitorioso foi o professor Geovane Barbosa do Nascimento, natural de Jaguaquara, que atua no campus de Uruçuca. O jaguaquarense obteve no pleito 45,64% dos votos contra 26,09% dados ao segundo colocado e candidato da situação; ou seja, candidato apoiado pela atual diretoria, que domina há 20 anos, segundo informações, o IFBaiano.
Em entrevista ao Blog Marcos Frahm, o professor Antonio Brito, do campus de Santa Inês, no Vale do Jiquiriçá, disse que o clima reinante entre os docentes e discentes em Santa Inês é de tristeza e revolta com a não homologação das eleições por parte do Consup. As atividades no campus estão paralisadas há dois dias por conta da situação. Antonio Brito considera uma afronta à democracia a decisão do Conselho Superior. ”Estamos conclamando as pessoas interessadas na democracia e na soberania, para que nos apoiem nessa luta, porque nós estamos estarrecidos com essa situação. É preciso que o MEC de posse ao novo reitor, para que a gente esqueça essa fase feudal, que dominou as antigas escolas agrotecnicas e que vem dominando o IFBaiano”. Segundo o educador, a decisão é considerada um ”desrespeito” pela grande maioria dos funcionários dos 10 campi do IF, incluindo o de Santa Inês, que acolhe estudantes do Vale do Jiquiriçá e do Recôncavo Baiano. Lá, eles se manifestam favoráveis a posse de Geovane para o cargo de reitor.
Ainda de acordo com informações repassadas pelo professor Brito, o Consup tomou uma decisão estritamente política, na tentativa de evitar o êxito de um candidato que se opõe à atual direção do IFBaiano. Membros da gestão atual do órgão Federal fizeram a denúncia de propaganda fora do prazo, tendo encaminhado o assunto para a Procuradoria da instituição de ensino. Na defesa do candidato que venceu o processo eleitoral, o entrevistado argumenta que uma faixa de campanha teria sido deixada no campus de Valença, permanecendo no local além do prazo, por conta de más condições climáticas que afetavam o município na ocasião. Ele afirma que, em decorrência do mau tempo, a Prefeitura de Valença teria decretado estado de calamidade. ”O professor Geovane foi eleito com ampla maioria pela comunidade do IFBaiano, mas não pode tomar posse por conta de um golpe perpetrado pelo grupo opositor. Esse grupo opositor alegou junto a comissão eleitoral que o professor deixou uma faixa de campanha no Campus de Valença, sendo que o campus estava fechado devido a uma calamidade pública que ocorreu na cidade e a equipe não pode tirar a faixa. Mas, enfim, denunciaram a comissão eleitoral e essa comissão julgou improcedente a denúncia do candidato derrotado e determinou que o Conselho Superior homologasse a eleição, para que o MEC pudesse empossar o vencedor posteriormente – infelizmente, o Consup, eleito pela comunidade, não considerou a argumentação da comissão eleitoral e nós tivemos que impedir que o outro candidato tomasse posse – o processo foi para Brasília, para que o MEC avaliasse e agora nós estamos fazendo várias mobilizações, conclamando a todos para exigirmos que o MEC de posse ao nosso reitor eleito, já que uma comissão eleita e soberana considerou lícita a eleição, mas o candidato derrotado não aceita e o Consup tomou essa decisão equivocada, ”. Justifica, sob a alegação de que a nulidade da candidatura do professor Geovane Barbosa é desproporcional ao fato em si, reafirmando que a não retirada do material decorreu à parte da vontade do candidato e por problemas climáticos.
Com o apoio do Sinasfe-BA, docentes de Santa Inês participaram de um ato de protesto nesta quinta-feira (6), em Salvador, contra a decisão do Conselho Superior (Consup) do IFBaiano. Eles ameaçam greve geral e aguardam resposta do Ministério da Educação. ”Não fizemos greve ainda porque o MEC pediu um tempo para analisar o processo, mas estamos bastante mobilizados, unindo forças para cobrarmos agilidade ao MEC, para que o ministério, definitivamente, valide as eleições e de posse ao reitor eleito, porque o processo eleitoral ocorreu de forma lícita. O professor Geovane, além de ser um professor de vários campi, também é o reitor do campus de Santa Inês que está cravado no Vale do Jiquiriçá e dentro das perspectiva políticas, orçamentárias e administrativas nós vamos lutar para que o nosso campus se desenvolva com a ajuda do reitor, que é filho da terra”, concluiu.
