O governador Rui Costa falou ao Blog Marcos Frahm durante o Carnaval de Salvador, no Circuito Osmar, no último domingo (7/2) e respondeu a indagações sobre a situação das rodovias baianas na região do Território de Identidade Vale do Jiquiriçá, que apresentam problemas na trafegabilidade por conta das péssimas condições da malha asfáltica e sem manutenção após a extinção do Departamento de Infraestrutura de Transportes da Bahia – DERBA, que possuía sede em Jequié para manutenção e conservação das estradas na região. Rui disse que a situação das vias públicas será resolvida em parceria entre Estado e o Consórcio Intermunicipal dos Municípios do Vale do Jiquiriçá – CVJ, liderado pelo prefeito de Lafaiete Coutinho, o Zé Cocá. ”Já fizemos o primeiro contrato e eu quero parabenizar aqui o prefeito Zé Cocá de Lafaiete, que vai ser o primeiro consórcio a tocar obras, porque ele já fez toda papelada e nós assinamos o convênio. Estamos depositando o dinheiro, e por tanto ele vai ser o primeiro prefeito que coordena consórcio a iniciar obras e nós vamos começar pelo acesso a Lafaiete, mas nós vamos fazer outras obras ali na região em parceria com os prefeitos através do consórcio. O estado ajuda o consórcio financeiramente a fazer as obras. Além disso, eu devo licitar, só to esperando entrar o recurso do Banco Mundial, que nós tomamos empréstimo de US$ 200 milhões de dólares, o que equivale oitocentos milhões de reais para recuperamos estradas inclusive lá na região”, garante o chefe do Executivo estadual. Desde 2015 que governo do Estado  transferiu para os consórcios intermunicipais a responsabilidade de manutenção das estradas estaduais, com doação de todos os equipamentos – máquinas – do Derba aos consórcios, para manutenção e conservação das BAs, mas os prefeitos aguardam apoio financeiro do Governo para iniciar os serviços de recuperação.

A presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Maria Quitéria (PSB), prevê um ano de muito mais dificuldades para os municípios baianos. Para Quitéria, que durante o Carnaval de Salvador concedeu entrevista ao Blog Marcos Frahm, 2016 será de preocupação para os prefeitos. Além da continuidade de cortes de verbas públicas, o ano será de ”tudo ou nada” para os prefeitos de primeiro mandato, que tentarão a reeleição, com direito a proibição de financiamento privado na campanha política. ”O ano de 2015 foi de dificuldades e 2016 não será diferente. Passou o carnaval e a gente começa a mobilização em Brasília, no Congresso, para derrubada do veto. O nosso foco é derrubar o veto presidencial de 14 de janeiro com relação à repatriação das multas sobre bens [não declarados à Receita Federal mantidos no exterior], um recurso novo do FPM que a presidente vetou e as multas seriam de um valor que ajudariam muito os municípios nesse momento difícil ”, assinalou. Quitéria lamenta a queda do FPM (Fundo de Participação dos Municípios). Em janeiro, a arrecadação do fundo caiu 20% em relação ao mesmo período do ano passado e a gestora diz que, de fato, as prefeituras estão paralisadas. A entrevistada lembrou o anúncio por parte do Ministério da Educação em janeiro do reajuste do piso salarial dos professores de escolas públicas e afirmou que as prefeituras precisarão desembolsar mais para pagar o novo vencimento dos profissionais de ensino. ”A maioria dos municípios da Bahia tem plano de cargos e salários, a questão do piso do magistério é uma realidade que impacta não pelo piso, mas pelas gratificações e pelas modificações no valor do piso e isso eleva muito custo aos municípios que o Fundeb não acompanhou na mesma proporção do aumento do piso. Muitos prefeitos que assumiram em 2013 pegaram os municípios como os planos de cargos e salários já aprovados, só que a receita dos municípios não cresceu” Lamentou, ressaltando ainda o aumento do salário mínimo para R$ 880, afirmando que o impacto será de R$ 321,4 milhões nas despesas em nível de Bahia.

Maria Quitéria falou da primeira eleição municipal com proibição de doações de empresas privadas para custeio de campanhas eleitorais, fazendo afirmação de que a sucessão de 2016 fará com que o eleitor reflita melhor sobre o que é  a política de fato, quais são os interesses do político e quais projetos são apresentados pelos candidatos. Revelou que muitos prefeitos já desistiram da reeleição por conta das dificuldades. ”Muitos prefeitos já desistiam inclusive de serem candidatos. Na visão do prefeito, ou ele não vai pra reeleição e tenta convencer os munícipes para que entendam as dificuldades e que ele tem que terminar o mandato, ou ele vai pra reeleição tendo muitas dificuldades, discutindo política, explicando aos seus eleitores que nós estamos vivendo um muito difícil. Acho que não só o eleitor, mas também os políticos, enfim, a sociedade tem que se mobilizar para não ficarmos mais na política antiga, votando por dinheiro e cobrarmos propostas concretas. Poucos municípios tem receita própria e as prefeituras estão paralisadas de fato, porque só estão pagando salário e nem todos os municípios conseguem pagar a folha”, sentenciou a presidente da UPB.

O presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Marcelo Nilo, que já anunciou que deixará o DPT, mas ainda sem definição de qual será sua próxima legenda partidária, disse que nas eleições municipais de 2016 percorrerá o interior baiano para marcar presença no palanque dos aliados que disputarão as eleições nas diversas regiões onde o parlamentar foi votado. Nilo ao participar do Carnaval de Salvador, falou ao Blog Marcos Frahm sobre a disputa sucessória nas cidades do Vale do Jiquiriçá e reafirmou apoio aos seus correligionários em Jaguaquara, Itaquara e, Itiruçu, município considerado ”ninho-político” do deputado, desde quando representava o PSDB baiano. ”Vou apoiar aqueles candidatos que me ajudaram, mas sem ofender os adversários e enaltecendo os nossos”. Aliado do empresário Ricardo Leal (PT) de Jaguaquara, derrotado em 2012 por uma pequena diferença de votos pelo atual prefeito da Toca da Onça, Giuliano Martinelli (PP), Nilo disse que, independente de Ricardo disputar ou não as eleições de 2016, estará ao lado de Lealdade e apoiará quem o petista indicar. ”Onde Lealdade estiver eu estarei”. Há quem diga que, Marcelo Nilo, que deve migrar até março para outro partido, deverá solicitar de Ricardo que deixe o PT e ingresse com ele em outra agremiação, que deverá ser da base do governador Rui Costa (PT). Em Itaquara, cidade já governada pelo seu correligionário Abimael Teixeira (PSD), atualmente administrada por Iracema Araújo (PMDB), Marcelo garante que se posicionará contra a gestora peemedebista. ”O candidato que for da oposição eu estarei no palanque”. E sobre Itiruçu, o que já era esperado. O presidente da ALBA afirmou, peremptoriamente, que marchará com o prefeito Wagner Novaes (PSDB), mesmo Wagner sendo adversário político do governador. A vice-prefeita Rita Novaes (PDT) é esposa do ex-prefeito e advogado Ailton Cezarino, velho-aliado de Nilo e que exerce cargo na Assembleia sob indicação de Marcelo e também deverá está no mesmo barco, liderado pelo Tucano Wagner.

Já declarada pré-candidata à Prefeitura de Salvador pelo PCdoB, a deputada federal Alice Portugal, durante o Carnaval, quando prestigiava a folia no Circuito Osmar, no domingo (7/2), falou ao Blog Marcos Frahm sobre a decisão de colocar o nome a disposição do partido para a disputa sucessória de 2016 e disse esperar reciprocidade do PT, que também pretende lançar postulante ao cargo de chefe do Executivo da capital baiana. ”Nossa democracia representativa é formada por partidos e todos os partidos têm legitimidade para lançar seus candidatos. A minha expectativa, é que o PT, numa ação de reciprocidade, possa nos apoiar. Porque a final de contas, estamos há décadas apoiando o PT, desde a primeira tentativa do Lula, passando pelas eleições da Dilma e aqui na Bahia nem se fala. Somos participantes das mudanças, desde os projetos do governador Wagner e agora do governador Rui. Então, seria interessante, se fosse possível, que agora tivessemos essa reciprocidade, mas se o PT insistir em apresentar o candidato, nós vamos conversar com os aliados da base, e uma coisa é certa, estamos todos do mesmo lado”, frisou Alice.

Indagada sobre possível distanciamento de suas bases no interior baiano na condição de deputada, caso seja realmente candidata a prefeita de Salvador, Portugal afirmou que haverá tempo suficiente para dividir o tempo entre a capital e o interior. ”Pode ter certeza que eu sou uma antiga militante de alto fôlego e estarei dando atenção, subindo no palanque dos meus aliados e garantido efetivamente o apoio e a reciprocidade sincera aos meus companheiros do interior”, garante a parlamentar.