Na geografia dos estados brasileiros, a relação na distribuição de renda, por habitante, é indecorosa. Nas diferentes regiões, das mais prósperas às mais pobres, a realidade é de monstruosa concentração de renda nacional. Na desigualdade por unidade federativa, em 2014, o Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) levantou dados para aferir o padrão de vida dos brasileiros.
Em 2017, o estudo “Inquality in Brazil: a regional perspective”, dos economistas Izabela Karpowicz e Carlos Góes, divulgado pelo FMI e Banco Mundial, comprova a abissal distância entre ricos e pobres. O diferencial focou a renda mensal dos 5% mais ricos e os 5% mais pobres.
No mais desenvolvido, o Estado de São Paulo, os 5% mais ricos têm renda de R$ 8.200,00 e os 5% mais pobres R$ 165,00. No Rio de Janeiro, fica em R$ 7.600,00 e R$ 141,00; no Paraná, R$ 7.600,00 e R$ 197,00; em Minas Gerais, R$ 7.700,00 e R$ 147,00; no Rio Grande do Sul, R$ 7.700,00 e R$ 175,00; na Bahia, R$ 6.300,00 e R$ 82,00; já no Distrito Federal, a desproporção é escandalosa, demonstrando o poder da burocracia pública: os 5% mais ricos têm rendimento de R$ 12.900,00 ficando os 5% mais pobres com R$ 151,00. A desigualdade de renda, na totalidade dos Estados, tem o perfil dos números exibidos naquela amostragem. Alagoas é onde esse diferencial é mais brutal, expresso com R$ 4.800,00 e R$ 67,00.
Nesse cenário devastador, o Estado diferencial entre as duas faixas de renda é Santa Catarina. Longe de ser um paraíso é quem apresenta números sobre a desigualdade da renda, 30% menores do que a média do país. A renda mensal média dos 5% mais ricos é de R$ 6.400,00 e os 5% mais pobres é de R$ 285,00. A realidade catarinense não se expressa apenas nesses números, ainda muito distantes do que deveria ser uma sociedade com efetiva justiça social, mas retratam um nível superior à media das outras 26 unidades federativas brasileiras. Nas suas diferentes regiões, vem demonstrando o que pode ser feito para o Brasil superar o estágio de brutal concentração de renda. Ainda agora com o Brasil mergulhado na recessão econômica, da qual vem saindo aos poucos, o desemprego nacional é de 12,4%. Já em terras catarinenses, atestado pelo IBGE, o desemprego é de 6,7%. Fruto de um ajuste produtivo, da modernização industrial, da competitividade e da atração de novas empresas de bases tecnológicas. A educação é a matriz sustentadora dessa realidade.
Se o setor produtivo tem um vigor acima da média brasileira, exibe no seu vasto e belo litoral uma estrutura turística inigualável, fruto de trabalho criativo expressado na fisionomia de um povo que tem o prazer de servir ao turista a alegria de viver. Hotéis dos mais sofisticados aos mais simples, pousadas surpreendentes pelo nível de conforto, restaurantes com padrão internacional, em Florianópolis, Camboriú, Itapema, Barra Velha, Joinville, Blumenau e ao longo das suas praias belíssimas.
Nesse instante da vida nacional de descrença no futuro, de profunda crise moral, de valores abandonados e contestados, a terra de Anita Garibaldi exibe padrão econômico, social e de lazer que deve merecer sérias reflexões para os brasileiros que acreditam no futuro.
Esta é a lição do professor paranaense Hélio Duque que entende de Paraná, de Santa Catarina e do Brasil.
*Por Sebastião Nery