Baiano, ex-conselheiro Nacional de Justiça, e agora ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), o advogado Bruno Dantas chegou ao órgão num momento turbulento por causa dos escândalos da Petrobras, cujas investigações têm deixado todos os servidores que realizam as auditorias ”estrarrecidos”. Em entrevista exclusiva à Tribuna da Bahia, ele discorreu sobre as metas do órgão para 2015 e afirmou que o ano será de ”muita Petrobras”. ”Temos ficado estarrecidos com o volume de desvios. A verdade é que se acreditava muito na impunidade”, disse. No entanto, o ministro acredita que o País dará um salto no combate contra a corrupção com o fortalecimento das instituições públicas, entre elas o TCU, e a participação da sociedade na fiscalização dos atos e gastos de seus governantes. Na entrevista, ele adiantou que este ano deverá ser realizada uma força- tarefa entre as instituições – Polícia Federal,Ministério Público Federal, TCU, dentre outros – para realizar auditoria em todos os contratos da estatal brasileira e virar “essa página de uma vez por todas”.
Como o senhor avalia esse início de trabalho dentro do TCU?
Bruno Dantas – Eu tomei posse em agosto do ano passado e já cheguei no Tribunal em um momento turbulento. Isso porque, junto com O Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal, o TCU tem capitaneado as apurações nesse escândalo da Petrobras. Evidentemente que o trabalho do Tribunal não se limita a investigação da Petrobras, mas tivemos que tomar decisões importantes como a indisponibilidade dos bens de diretores da estatal. Estamos fazendo auditorias bastante rigorosas em diversos empreendimentos da estatal, como a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, no Rio de Janeiro, e diversas outras auditorias estão em curso, de modo que eu já tomei posse no meio desse turbilhão. Mas o Tribunal não se resume a investigar a Petrobras. Temos tido um trabalho bastante sério e reconhecido pela opinião pública na questão das obras com irregularidades. Eu fui o relator este ano do Fiscobras, um relatório anual que o TCU elabora para subsidiar o Congresso Nacional na elaboração da lei orçamentária anual. Então tem uma lista de obras que o TCU encaminha com recomendação de paralisação para que não receba orçamento no exercício seguinte. Isso para falar apenas de um caso. Poderia citar outros, como por exemplo, o aval que nosso TCU deu para que a Anatel realize um leilão da banda 4G da telefonia móvel. São muitos temas importantes e eu estou bastante motivado porque o Tribunal, como já disse, tem angariado uma respeitabilidade muito grande da sociedade brasileira, e isso se deve basicamente a dois fatores: a independência de seus ministros e a qualidade técnica do setor público, que é formado por 100% de servidores concursados. Leia na íntegra.