Após o avanço do projeto de lei que permite a privatização dos Correios, com a aprovação pela Câmara dos Deputados, os trabalhadores da estatal planejam uma manifestação nas ruas do Brasil. Contrários à ação, eles têm, ainda, a esperança de que o Senado não passe a proposta adiante.
“Estamos buscando movimentar a base para dar a resposta nas ruas e conversando com senadores”, revelou ao site Metro1 Josué Canto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos do Estado da Bahia (Sincotelba). ”O Senado está se manifestando contra. Falei com Omar Aziz e outros oito senadores”, completa.
Segundo Canto, o modo como o governo federal tem tratado a questão é inconstitucional e suspeita. ”Uma empresa do Estado não pode ser privatizada por uma PL. Isso é um crime”, afirma. ‘Não é possível que não tenha interesse por trás dessa ganância toda de privatizar, sem considerar a opinião popular. Que urgência é essa de privatizar uma empresa que dá lucro?”, questiona.
O presidente do sindicato reforça que a medida será prejudicial à população, principalmente à parcela mais pobre. ”Vai ter diferenciação de preços. Para quem mora no interior, será mais caro. E não vai precisar ter agências em todos os locais do Brasil. Os pobres não terão acesso aos correios. Vai ter só onde dá lucro”, lamenta.
”Não está sendo respeitada a vontade do povo, só a do capital. Ainda tem as demissões de pessoas que fizeram concurso, com média de idade de 50 anos de idade. Somando trabalhadores diretos e indiretos, será um aumento de quase 1 milhão de pessoas na rua depois de 18 meses”, aponta Canto.
Bahia
Votaram a favor da privatização dos Correios 54% dos deputados baianos. O presidente do Sincotelba relacionou o resultado do pleito no estado com a ligação dos partidos com a administração federal.
”Já esperávamos [o resultado] porque a gente vê, claramente, uma boa parte dos partidos ligados diretamente ao governo, recebendo emendas parlamentares. Fico até triste com a bancada evangélica votando, que diz defender o social. Mas essa defesa é com mais desemprego? Com o aumento de tarifas?”, diz.