O ministro Sergio Moro (Justiça) associou a prisão nesta terça-feira (23) das quatro pessoas suspeitas de hackear telefones de autoridades à divulgação, pelo site The Intercept Brasil, de mensagens que mostram interferência do ex-juiz da Lava Jato nas investigações da força-tarefa. Essa conexão, no entanto, não está citada na decisão do juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, que autorizou as detenções. Tampouco há menção no pedido do Ministério Público que as fundamentou. Quando as primeiras mensagens vieram à tona, em 9 de junho, o site Intercept informou que obteve o material de uma fonte anônima, que pediu sigilo.
O pacote inclui mensagens privadas e de grupos da força-tarefa no aplicativo Telegram a partir de 2014. ”Parabenizo a Polícia Federal pela investigação do grupo de hackers, assim como o MPF [Ministério Público Federal] e a Justiça Federal. Pessoas com antecedentes criminais, envolvidas em várias espécies de crimes. Elas, a fonte de confiança daqueles que divulgaram as supostas mensagens obtidas por crime”, escreveu Moro no Twitter nesta quarta-feira (24). ”Leio, na decisão do Juiz, a referência a 5.616 ligações efetuadas pelo grupo com o mesmo modus operandi e suspeitas, portanto, de serem hackeamentos. Meu terminal só recebeu três. Preocupante”, concluiu o ministro.
Foram presos nesta terça Gustavo Henrique Elias Santos, Suelen Priscila de Oliveira, Danilo Cristiano Marques e Walter Delgatti Neto. ”Há fortes indícios de que os investigados integram organização criminosa para a prática de crimes e se uniram para violar o sigilo telefônico de diversas autoridades brasileiras via invasão do aplicativo Telegram”, diz o juiz no despacho.