O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse nesta quarta-feira, em entrevista ao Estado, que, se pudesse, levaria o seu filho Antonio Hamilton Rossell Mourão para trabalhar ao seu lado no Palácio do Planalto. A promoção do filho do general para assessor especial da presidência do Banco do Brasil, com um salário de R$ 36,3 mil – o triplo do valor atual –, causou polêmica no governo. “Eu não tive nada a ver com isso, o presidente do banco (Rubem Novaes) o conheceu em uma apresentação e o convidou para ser assessor. Aí é óbvio que lá dentro o sindicalismo bancário se revolta. São coisas da vida”, afirmou o vice-presidente, ao lembrar que, em fevereiro, o filho completará 19 anos trabalhando no Banco do Brasil. Questionado se a situação causava algum tipo de constrangimento para ele, o general respondeu de pronto: “Para mim, não. Não é por ser meu filho, mas ele é um profissional extremamente qualificado. Se eu pudesse, eu o teria aqui na minha equipe”. Rossell Mourão é funcionário de carreira do banco e estava há 11 anos na Diretoria de Agronegócios. Com a posse da nova gestão, na segunda-feira, 7, foi promovido e trabalhará em contato direto com o novo presidente da instituição, Rubem Novaes. Apesar do tempo de casa, o salto na carreira foi visto com estranheza por pessoas de dentro do banco. Segundo funcionários, o cargo exige um nível alto de conhecimento e vivência dentro da instituição financeira. Outros dois servidores que exerceram a mesma função na gestão anterior, de Paulo Caffarelli, ocuparam postos de destaque antes de chegarem ao cargo de assessor especial da presidência. Marília Prado de Lima, por exemplo, foi superintendente de Negócios, Varejo e Governo no Distrito Federal. Já Sidney Passeri, antes de assumir a função, foi gerente executivo. O filho do vice-presidente é formado em Administração de Empresas e possui pós-graduações em Agronegócios e em Desenvolvimento Sustentável. Na entrevista ao Estado, Mourão admitiu problemas na comunicação do governo, mas disse que as divergências entre os ministros Paulo Guedes (Economia) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil) estão superadas. “O Paulo e o Onyx foram almoçar juntos na segunda-feira, já trocaram uns beijinhos e está tudo certo. Esse episódio está superado. Em qualquer equipe volta e meia existem dissensões ali, opiniões diferentes, volta e meia vai acontecer. Compete ao líder maior dizer: ‘Meninos — ou meninas, vamos nos acertar aqui’”.